Um estudo encomendado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) à Nielsen, empresa especializada em pesquisas de mercado, revelou dados preocupantes sobre o desempenho do mercado livreiro em 2016. De acordo com o estudo, as livrarias e supermercados venderam quase 5 milhões de livros físicos a menos no ano passado do que em relação ao ano de 2015.
No acumulado do ano, o faturamento apresentou queda nominal (desconsiderando a inflação) de 3,09%, totalizando R$ 1.567.426.940,03 ante R$ 1.617.406.694,27 apurado em 2015. Considerando a inflação, a queda chegou à 9,02%. As quedas nas vendas resultaram em um reajuste do preço médio do livro de 8,69%, fechando o ano com R$ 39,77.
Para Ismael Borges, representante da Nielsen no país, o movimento é um reflexo natural da crise. “Em um ano em que o consumidor evitou colocar a mão no bolso, percebemos que, para fechar as contas, o mercado livreiro foi além da criatividade editorial e ajustou seus preços um pouco acima da inflação do período”, disse Borges ao site PublishNews.
Nem a Black Friday salva
Apesar do resultado considerado otimista pela indústria e do impacto positivo dentro do mercado neste fim de ano, a 6ª edição da Black Friday não foi suficiente para impedir a desaceleração do mercado editorial. Em comparação com a média de vendas das quatro semanas anteriores ao evento, houve um incremento em volume de 115% e de 65% em faturamento na semana da Black Friday. Levando em consideração o desempenho geral do período em 2016, o resultado também foi positivo: 10,07% em volume e 12,54% em valor, se comparado ao mesmo período de 2015.
Marcos da Veiga Pereira, atual presidente do SNEL, ressalta que, apesar do resultado negativo do ano mesmo após o evento, houve uma tendência de recuperação nos quatro últimos períodos de 2016. “Até a semana 40, o mercado caía 4,9% e conseguimos fechar o ano com -3,1%. Nossa esperança é que em 2017 o número de exemplares vendidos permaneça minimamente estável dentro de um cenário ainda difícil da economia brasileira”, comentou.
Concentração de poder
O estudo evidenciou também a concentração do mercado editorial brasileiro. Ao todo, os 500 livros mais vendidos no ano representam pouco menos de 30% de todos os livros comercializados no país no período, alcançando 23% do valor faturado.
Fonte: Omelete