A rede de supermercados Pão de Açúcar e as lojas do hipermercado Carrefour começam a limitar a venda de itens aos clientes. A intenção é impedir que haja uma compra maior de alguns itens por parte de consumidores, levando a falta de mercadorias para outros clientes. A última vez que isso ocorreu no setor foi em 2018, com a greve dos caminhoneiros que afetou o fornecimento no varejo.
Segundo apurou o Valor, no caso do Pão de Açúcar, a limitação envolve, por exemplo, arroz e feijão (três unidades de cinco quilos por pessoa), água (quatro unidades de cinco ou 7,5 litros), óleo de soja (seis unidades). Mercadorias que podem ser estocadas e com prazo mais longo de validade têm neste momento uma venda maior. Sabonetes em barra também foram incluídos na lista de venda com controle pela rede, frente à elevação na demanda após a segunda-feira.
Em nota, a rede informou que as redes Pão de Açúcar e Extra iniciaram ontem uma ação “para estimular o consumo consciente, incentivando que cada um adquira somente o necessário e evite o estoque desnecessário”.
Segundo a empresa, “alguns itens só poderão ser adquiridos de forma limitada a cada compra, tais como produtos de higiene pessoal e limpeza, além de produtos de necessidade básica, como arroz, água, leite e massas”.
A iniciativa é válida para todas as lojas das redes e em todo o Brasil por tempo indeterminado.
A companhia afirma que tem atuado junto a toda cadeia do setor para “manter a agilidade do abastecimento” e “trabalhando na máxima capacidade para que os (as) clientes possam comprar o que precisar, quando precisar e pelo canal que escolher”. Mas para permitir que mais pessoas tenham acesso aos produtos, optou-se pela limitação.
No Carrefour, alguns produtos de limpeza estão sendo limitados a três unidades por CPF, como detergentes para casa na capital paulista. Há lojas da rede em São Paulo também com limitações na venda de alimentos de mercearia, diz uma fonte ouvida. Procurada, a companhia ainda não se manifestou.
As empresas não têm se manifestando sobre os impactos do coronavírus, relatando que o posicionamento oficial caberia às entidades do setor.
Em comunicado a clientes, por e-mail, o Pão de Açúcar informou que o papel da empresa agora é “para que não falte nenhum item básico na casa dos clientes”, sem mencionar algum item específico.
“Alguns de nossos produtos podem ter estoque limitado e, em caso de falta, poderemos substituí-los por similares ou de qualidade superior. Eventualmente, suas compras podem sofrer atrasos”, informou.
Em linhas gerais, o varejo alimentar tem estoques que variam de 30 a 45 dias, de itens alimentos, bebidas e higiene e beleza. Mas houve uma demanda forte de certas categorias, a ritmo verificado em período de Natal, como antecipou o Valor Pro na segunda-feira, com base em informações de fontes do setor. Isso obrigou as lojas a acelerar pedidos à indústria, que afirma que tem mantido produção e entregas em ritmo normal ao setor de varejo.
A Abras, associação de supermercados, tem afirmado que a falta de mercadorias em prateleiras é reflexo de atrasos na reposição de produtos nas gôndolas das lojas, e não de problemas de abastecimento.
Fonte: Valor Econômico