Se por um lado não foi um ano fácil para diversos setores da economia, pelo outro, setores como o de supermercados e lojas de construção foram decisivos para manter o crescimento do varejo paulista com alta de 2% no faturamento real, na comparação com 2019.
Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), e revelam em números absolutos, que esse crescimento representa um aumento de R$ 12 bilhões no orçamento deste final de ano. Ou seja, foi um resultado menos pessimista do que o esperado pela crise causada pela Covid-19, graças também ao auxílio emergencial concedido pelo Governo. Pelos cálculos da entidade, o setor previa uma queda acentuada de 3% se não houvesse esse apoio, concedido a partir de abril.
De acordo com os dados da tabela abaixo, esse crescimento também foi marcado por desempenhos assimétricos, jamais vistos na história do comércio de São Paulo. Na diferença entre o melhor resultado do ano, o das lojas de materiais de construção tiveram alta de 15%, enquanto o pior desempenho ficou com as lojas de vestuário, tecidos e calçados (queda de 25%), com 40 pontos porcentuais. Para se ter uma ideia, em 2019, essa diferença foi de apenas 8 pontos porcentuais.
Depois dos lojistas do setor de construção, as atividades que mais deverão crescer serão os supermercados (14%) e as farmácias e perfumarias (9%). Por outro lado, além das lojas de vestuário, as concessionárias de veículos também deverão encerrar 2020 com uma queda de 19% se comparado ao ano passado.
Conforme o quadro que segue, essa dispersão também pôde ser vista nos resultados trimestrais que compõem o desempenho do fim do ano: no primeiro trimestre, ainda no início da pandemia, o varejo paulista faturou 5% a mais do que no mesmo período de 2019. No segundo, quando serviços essenciais ficaram fechados, a queda foi de 11% na comparação e representou uma baixa expressiva de R$ 20 bilhões para o caixa dos comerciantes – o pior momento da história do setor no Estado.
A recuperação no terceiro trimestre (com subida de 8%) se deu pela retomada das atividades e deverá ser mais tímida agora, no quarto trimestre. A projeção da FecomercioSP é de este aumento gire em torno de 4% no faturamento.
Projeções para os demais setores, incluindo Supermercados
É possível notar a disparidade dos desempenhos, por meio do montante arrecadado entre os segmentos considerados essenciais – como o de supermercados –, que vão terminar o ano com R$ 39 bilhões a mais em suas receitas do que em 2019. Enquanto isso, as atividades mais impactadas pelas restrições de circulação – como lojas de roupa e concessionárias de veículos – acabarão 2020 com R$ 27,4 bilhões a menos.
Considerando as incertezas do cenário econômico para 2021, a FecomercioSP estima que o comércio em São Paulo termine o ano com crescimento de 1%, desde que o Governo Federal se comprometa com a agenda fiscal, avance nas reformas – como a Administrativa, mais urgente – e apresente um projeto crível de privatizações.
Fechamento de empresas e balanço dos empregos
O cenário turbulento de 2020 também fez com que o varejo paulista perdesse 64.155 empresas – considerando todos os portes. O setor entrou na pandemia com 410.847 empresas e deve iniciar 2021 com 346.692, conforme o levantamento da FecomercioSP.
Esses números também são corroborados por outro levantamento da Federação, a Pesquisa de Emprego no Estado de São Paulo (PESP) que constatou que o comércio paulista vai fechar 2020 com 60 mil empregos formais a menos em relação a 2019, configurando o segundo pior desempenho anual desde 2010. No setor de serviços, este número será ainda maior: 121,6 mil vagas celetistas perdidas no ano – uma redução de 2%, também o segundo pior resultado em dez anos.
Os dados negativos são consequências principalmente dos impactos no auge da pandemia, entre o segundo e o terceiro trimestres. Só o comércio perdeu 143.913 vagas entre março e junho, segundo a PESP, enquanto os serviços viram 257.708 postos de trabalho com carteira assinada serem perdidos, considerando o intervalo entre março e julho.
Fonte: SuperVarejo