Em meio à crise, as principais redes paranaenses de supermercado mantêm investimentos e anunciam quase uma dezena de novas lojas para este ano. São investimentos que ultrapassam os R$ 180 milhões e devem gerar, somente no estado, 2 mil empregos diretos.
Uma das explicações para a expansão está na própria característica do setor. Segundo Angelina Stockler, sócia-fundadora da consultoria ba}Stockler, o varejo supermercadista trabalha com um item de primeira necessidade e, por isso, é um dos últimos a sentir os impactos da crise e um dos primeiros a sair com a retomada econômica.
Enquanto a economia brasileira começou a entrar em recessão a partir do segundo trimestre de 2014, o setor de hipermercados e supermercados sentiu o impacto em 2015. No Paraná, o volume de vendas passou a apresentar resultados negativos a partir de novembro, quando registrou queda de 0,1% na variação acumulada em 12 meses.
Mercado sem crise
Apesar de o volume de vendas do setor estar em baixa, os supermercados paranaenses mantiveram investimentos e ampliaram o número de lojas nos últimos quatro anos. Em 2015, os cinco maiores grupos do Paraná faturaram juntos R$ 10,7 bilhões e possuíam 160 lojas.
Fonte: Abras e IBGE. Infografia: Gazeta do Povo.
Para o presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras) e fundador-presidente do Condor, Pedro Joanir Zonta, os hipermercados sentem mais os efeitos da crise, pois trabalham com itens de maior valor, como eletrodomésticos. Já os supermercados, que focam em produtos de consumo diário e material de limpeza, estão se mantendo ou crescendo. “Um hipermercado é dividido por vários setores. O eletrodoméstico está com queda de 30%; as confecções, de 40%; e o bazar, 15%. Já no supermercado, como no setor de refrigerados, congelados, padaria, hortifrúti, não está havendo queda”, explica Zonta.
Ederson Muffato, diretor do Grupo Muffato, observa que a frequência de compra diminuiu, mas que o ticket médio se manteve. “Na crise, há categorias que caem e outras que crescem. O consumidor está trocando de marca, optando por embalagens maiores e está mais atento a promoções e oportunidades.”
As redes paranaenses também perceberam os primeiros sinais da crise em 2014 e começaram a diminuir custos. “Tomamos algumas medidas como redução de custo, revisão de contrato com fornecedores e entrada no mercado livre de energia”, diz Ederson Muffato.
Reduzir custos e aumentar a eficiência é uma tendência. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2014 o foco foi a reforma de lojas e, no ano passado, os grupos passaram a construir novas unidades e a destinar recursos para áreas de prevenção de perdas, automação e climatização.
Inaugurações marcam 2016
Os principais grupos de supermercado do Paraná mantiveram seus projetos de expansão para este ano projetando uma retomada econômica ao mesmo tempo em que aproveitam melhores condições para espaços estratégicos.
A maior rede do estado, o Muffato, inaugurou duas novas lojas no primeiro semestre deste ano, ambas em shopping centers de Londrina. O investimento total foi de R$ 10 milhões e 600 empregos foram gerados direta e indiretamente. No segundo semestre, a rede vai inaugurar mais duas lojas de atacarejo em Curitiba, da bandeira Muffato Max Atacadista, nos bairros Atuba e CIC. Os investimentos somam R$ 40 milhões e devem gerar 800 empregos diretos.
Já o Condor inaugurou no início do ano uma nova loja em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e em Joinville, no estado de Santa Catarina. A loja da RMC custou R$ 40 milhões e gerou 240 empregos diretos. A unidade catarinense saiu por R$ 50 milhões e criou 450 novos postos de trabalho. A rede ainda vai abrir, no fim de julho, mais um supermercado no bairro Boa Vista, em Curitiba. A construção começou há seis meses e o espaço terá 3,2 mil m² de área de vendas. Para essa unidade, foram investidos R$ 40 milhões e gerados 250 empregos diretos. Após a inauguração, o Condor passa a somar 43 mercados.
O Festval, bandeira que pertence à Cia Beal de Alimentos, quarta maior rede do Paraná, também vai ganhar força. A rede alugou dois espaços comerciais deixados pelo Mercadorama em 2015, no Centro Cívico e no Bigorrilho, e prevê inaugurá-los ainda neste ano. O investimento não foi revelado, mas 300 novos empregos estão previstos.
R$ 3,9 bilhões
De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor investiu no ano passado R$ 3,9 bilhões, valor quase 60% superior ao previsto. A expectativa para este ano é que os investimentos alcancem R$ 3,2 bilhões. Os números não contemplam Carrefour e Walmart. Já o faturamento nominal do setor atingiu R$ 315,8 bilhões em 2015, valor 7% superior ao registrado no ano anterior.