Varejo e indústria se equivocaram em 2015 ao focar as embalagens pequenas, de baixo desembolso, para gerar vendas. Estudo da Nielsen mostra que a decisão do consumidor é mais complexa
A maioria dos supermercadistas concorda que é preciso ter na loja os produtos que o consumidor realmente quer comprar. Mas colocar isso em prática pode ser mais difícil do que parece. As apostas do varejo e da indústria nem sempre estão alinhadas com as necessidades e escolhas do consumidor. Estudo da Nielsen sobre oferta e demanda de três tipos de embalagens, em diferentes grupos de produtos, revela que houve maior procura por embalagens médias, porém maior oferta de versões pequenas. Isso levou à ruptura (e perda de vendas) e ao excesso de estoque (menor fluxo do caixa e margem). Realizada no Sul do País no ano passado, a pesquisa traz insights que valem para supermercadistas de todo o Brasil em qualquer época. “Analisamos o aumento de participação de mercado dos itens para entender se correspondiam ao desejo do consumidor ou ao esforço do varejo e da indústria de ampliar a presença nas prateleiras”, explica Melissa Signori Iamin, executiva de atendimento da Nielsen. A consultoria analisou seis segmentos de produtos (preparo de refeições, básicos, indulgentes, práticos, supérfluos e saudáveis) e desenvolveu índices que representam a movimentação entre oferta e procura. “O supermercadista deve ficar atento a essa dinâmica nas lojas, para definir com maior segurança mix e compras”, alerta Melissa.
A família decide
No segmento de produtos para preparo de refeições (caldos, carne congelada, creme de leite, farinha de trigo, etc.) e práticos (batata, pizza, sobremesas congeladas, café solúvel, etc.) faltaram embalagens médias e sobraram pequenas. “Nessas compras, o shopper paga o valor que considera razoável pela quantidade que atende sua necessidade”, diz Melissa.