Ao todo, 12 mil novos postos de trabalho foram abertos de janeiro a agosto, maior valor na série histórica desde 2014
Por Karina Souza
Saber que a pandemia trouxe novas necessidades para o varejo não é algo necessariamente novo. Com mais tempo em casa, mais comodidade de receber produtos ao alcance de alguns cliques — e isso, é claro, também incluiu os supermercados. A busca pela oferta de produtos frescos no ambiente digital mobilizou gigantes do e-commerce, como o Mercado Livre (que anunciou recentemente a venda de produtos da rede Mambo) e o Magalu, que passou a vender produtos da BRF no último mês. Ao mesmo tempo, a necessidade de se conectar com os consumidores em casa também atingiu o setor de supermercados, que abriram um número recorde de vagas em 2021: 12.193, o maior número desde 2014.
Os dados são da Associação Paulista de Supermercados (APAS), que ressalta o papel da pandemia e das novas necessidades do setor como catalisadores para esse resultado. “Os definitivamente impactaram no volume de contratações em 2021, com maior demanda e novas posições para e-commerce e delivery, por exemplo. Até o fim deste ano, o setor deve gerar 20 mil novos postos de trabalho, com 600 mil pessoas empregadas no comércio varejista de alimentos no estado de São Paulo”, diz Diego Pereira, economista da Apas, à EXAME.
É um comportamento que se repete também em escala nacional, ao menos se analisada a quantidade de vagas abertas em 2021. Segundo dados do Novo Caged compilados pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), foram geradas 58.333 vagas de janeiro a agosto de 2021. O saldo positivo de vagas se mantém desde março deste ano (11.831), mais uma vez, fora do período mais aquecido para o varejo, consolidado no segundo semestre. Dentro desse total, 31.901 vagas foram geradas em inaugurações. O principal movimento de expansão é liderado pelo atacarejo, que abriu 12.082 novos postos de trabalho nacionalmente dentro dessa categoria. Sob a mesma análise, os supermercados geraram 6.656 vagas em novas e modificadas lojas.
É algo que pode ser relacionado ao momento diferente que ambos os tipos de negócio enfrentam: enquanto o atacarejo continua registrando resultados positivos durante a pandemia, as redes de supermercado têm apresentado resultados com altos e baixos ao longo do tempo. Para citar um exemplo recente: a desistência do GPA da bandeira de hipermercados Extra Hiper, cujas dificuldades do hipermercado para crescer já vinham desde antes da pandemia e cujos impactos desse momento foram sentidos com ainda mais força.
Em relação aos dados de São Paulo, não há dados específicos sobre vagas geradas a partir de inaugurações. Porém, do total de vagas abertas, 36% foram criadas foram criadas dentro das redes de atacarejo.
Na visão da associação, contribui para esse resultado a migração populacional para cidades menores durante a pandemia, que reforçou a necessidade de uma grande quantidade de mercados locais aumentarem a estrutura para darem conta da demanda maior em relação ao período pré-pandemia.
Perspectivas para o futuro
Até o fim do ano, mais vagas devem ser geradas, principalmente devido à sazonalidade do varejo — com contratações temporárias para o período do Natal, especificamente. “Essa abertura de vagas nos possibilita ter saldo positivo de vagas geradas dentro do setor desde 2013. Acreditamos que 2021 não será diferente, ainda mais pelo comportamento atípico de alta geração de emprego no primeiro semestre”, diz Diego.
E para 2022, o que esperar? Segundo a associação, o controle da inflação vai desempenhar um papel-chave para que os resultados do setor possam ser melhorados, bem como continuar no ritmo de alta nas vagas.
Segundo estimativas da APAS, a projeção de crescimento de vendas do setor para 2021 é de 1,25% em relação a 2020 e de 3% para 2022. No último ano, o setor cresceu 2,32% em relação a 2019, uma vez que os supermercados fizeram parte do conjunto de atividades essenciais que continuou funcionando mesmo durante as restrições de circulação.
Fonte: Exame