Pilares é, desde sexta-feira, endereço da sexta unidade Assaí, atacado de autosserviço do Grupo Pão de Açúcar, na Zona Norte. É a 14ª no estado do Rio, segundo maior mercado para a marca no país, atrás de São Paulo. A unidade ocupa o espaço que foi de uma filial do Extra, adaptado para o novo canal, com investimento de R$ 22 milhões. No Brasil, são mais de cem filiais, num modelo conhecido também como “atacarejo”. Até setembro, as vendas do Assaí subiram quase 40% sobre igual período de 2015. O mercado fluminense cresce acima desse ritmo, afirma Belmiro Gomes, presidente da rede.
— A Região Metropolitana do Rio e arredores são prioridade em expansão para a rede. No início deste ano, abrimos uma loja em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Agora, veio a unidade de Pilares. Temos outros quatro projetos que devem virar loja entre 2017 e 2018 — conta Gomes. — O estado vem sofrendo com a recessão, a crise nos setores naval e de óleo e gás. Mas a expansão vem efetivamente pelo aumento no fluxo de clientes, entre comerciantes, utilizadores (entidades que compram para uso próprio, como igrejas e escolas) e consumidores finais.
OPERAÇÃO DE CUSTO REDUZIDO
O segredo para garantir o preço reduzido tem duas explicações: a escala do negócio e a operação de custo reduzido.
— O custo operacional é 10% menor que no varejo tradicional. Ele já elimina a etapa de logística, com um modelo de loja que garante estocagem direta. Não há serviços, mas desde 2012 temos filiais com ar-condicionado — diz Gomes.
Num grupo com diferentes marcas no segmento alimentar, como o Pão de Açúcar, a conversão de lojas é outra vantagem. Transformar um Extra em Assaí custa 40% menos que construir uma loja nova. A previsão é converter de 15 a 20 lojas em 2017.
No atacado de autosserviço, o cliente pode escolher entre duas opções de preço, uma para a compra em varejo e outra para atacado. Daí ser procurado sobretudo por pequenos empresários, que adquirem itens para revender ou para serem utilizados como insumo no comércio. O consumidor também vem descobrindo as vantagens de comprar no “atacarejo”.
— O consumidor escolhe o canal de compras dependendo do que quer comprar. Se é abastecimento para o lar, opta por “atacarejo” ou hipermercado. Quando o foco é preço, escolhe o primeiro, se for sortimento, fica com o segundo — diz Christine Pereira, diretora de negócios e marketing da Kantar Worldpanel.
CRESCIMENTO DE 30% AO ANO
O brasileiro, continua ela, utiliza, em média, sete diferentes canais de compras regularmente, como feira livre, açougue, mercado e outros. As escolhas na hora de comprar são feitas também para acomodar da melhor forma o orçamento doméstico.
— O segmento já apresentava crescimento de 30% ao ano em 2012/2013. Não se pode desconsiderar a crise, mas faltava esse modelo de negócio em diversas regiões — pondera o presidente do Assaí, que deve encerrar este ano com 13 novas lojas abertas no país, contra 11 em 2015.
Para o consumidor final, diz o consultor de varejo Marco Quintarelli, a vantagem é a economia:
— O atacado de autosserviço tem um modelo híbrido, com preços até 30% menores que no varejo. Traz maior economia com maior volume em compras. Na crise, as pessoas podem fazer compra coletiva. É um modelo de negócio que veio para ficar.
O preço menor vem do tamanho da operação. Multinacionais como Makro, do grupo holandês SHV, e Atacadão, do Carrefour, também atuam no segmento no país. Este último já tem 129 lojas no Brasil. Abriu quatro até outubro deste ano, ante 12 em 2015.
— No Costazul, o cliente tem também a opção de comprar pelo preço de atacado. Mas o foco principal é o varejo direto. Para atuar no atacado de autosserviço, é preciso volume para brigar com as grandes redes nacionais e multinacionais. No varejo, é preciso se diferenciar pelo serviço e o mix de produtos oferecidos — explica Genival Beserra, presidente do Costazul Multimercado, que foi executivo do Prezunic antes da venda do grupo à chilena Cencosud.
O Costazul iniciou as operações em 2014, com loja em Itaboraí e modelo de “atacarejo”. Em 2015, abriu em São Gonçalo e, este ano, em Campo Grande, São Pedro da Aldeia e, ontem, Curicica. Mas ajustou o modelo prioritariamente para o varejo. Em 2017, abrirá em Nova Iguaçu.