Os supermercados são praticamente os mesmos, mas nas prateleiras… quanta diferença!
Pesquisa realizada pela empresa Neogrid, em parceria com a Nielsen, em mais de 10 mil supermercados em todo o país, mostra que a quantidade de produtos em falta nas gôndolas aumentou 35% em janeiro na comparação com o mês anterior.
Quem vai às compras com frequência já percebeu sinais de mudança. Não que as estantes estejam vazias ou às moscas. Mas o consumidor começa a enfrentar certa dificuldade para achar itens de determinadas marcas ou sabores.
“É claro que não estamos na Venezuela. Mas já não há à disposição do brasileiro tantas marcas ou tão variados sabores de determinado alimento ou item de higiene e limpeza, por exemplo”, afirma o diretor de Relacionamento do Varejo da Neogrid e coordenador da pesquisa, Robson Munhoz.
E são vários os ingredientes que resultam na escassez de algumas mercadorias ou “buracos” nas prateleiras.
“Não é um efeito único, mas um conjunto de fatores, entre eles apatia ou descrença da indústria, promoções do varejo e até mesmo alteração dos hábitos alimentares dos brasileiros”, diz.
Descrença
Segundo o executivo, por causa da crise econômica algumas empresas tiraram o pé da produção em dezembro, o que afetou o abastecimento em janeiro. “Muitos fabricantes deram férias coletivas aos funcionários ou demitiram trabalhadores, porque não acreditaram nas vendas. E então houve a ruptura na oferta”, analisa.
Na outra ponta, com receio de que a mercadoria ficasse encalhada, muitos supermercados passaram a comprar menos e diminuíram os estoques. Diante de preços mais salgados cobrados pela indústria, também se recusaram a fechar contratos ou reduziram o volume de compras.
“Na queda de braço, as grandes redes de varejo, que têm mais força, negociam de forma mais dura. Até porque o setor tem um papel importante para ajudar a conter a inflação e evitar que haja um aumento expressivo de preço na gôndola”, afirma Munhoz.
Sumiço
Outra explicação para o sumiço dos produtos são as promoções feitas pelos supermercados. “O cliente acaba levando com receio de que aquele produto seja reajustado”, diz. O diretor da Neogrid cita ainda que, com o aperto financeiro e a escalada do desemprego, as pessoas tendem a cortar o restaurante. “Muitos consumidores optam por comer em casa ou leva marmita para o serviço, o que acaba aumentando a busca por determinados itens nos supermercados”, diz.
Para a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), apesar dos números da pesquisa, não há desabastecimento nas lojas. “A ruptura, quando ocorre, não é por falta de produto. Mas por um problema de gestão e operação por parte do fornecedor”, diz o superintendente da Amis, Antônio Claret.