As vendas em supermercados cresceram menos no segundo trimestre, em comparação com o ritmo visto após o início das medidas de isolamento social. Apesar disso, analistas continuam a projetar um cenário positivo para o setor, mas ressaltam que as lojas devem sentir os efeitos do aumento na busca por promoções.
Entre abril e junho, dados das associações regionais mostram taxas de crescimento de dois dígitos, porém mais fracas, em relação ao início da pandemia.
Se em abril, a taxa de crescimento médio das vendas de supermercados paulistas estava em 27%, e no acumulado de março a abril superava 20%, este índice caiu para 15% no acumulado de março a maio.
Apesar da perda de fôlego, o desempenho surpreende pelo alto patamar em semanas consecutivas, dizem as associações setoriais.
Consultores ouvidos ontem afirmam que o setor tem caminhado para uma maior normalidade, embora ainda haja uma venda maior, especialmente no “atacarejo” porque, mesmo com o retorno de trabalhadores às empresas após maio, ainda há muitos consumidores trabalhando de casa.
Também afirmam que há uma busca maior por produtos básicos nas lojas desde abril – reflexo da queda de renda recente e aumento do desemprego – e uma alta na procura por promoções, o que pode acabar afetando a rentabilidade das redes no segundo trimestre.
“Nós vamos caminhando para uma normalização em relação àquele cenário que vimos em março e abril. Mas num cenário de busca maior por promoções e itens básicos, o que não é bom para as margens”, diz Manoel Araújo, diretor da Martinez de Araújo.
Pesquisa da Apas, associação paulista do setor, do fim de junho, mostra que 73% das redes esperavam estabilidade ou aumento nas vendas nos próximos meses. Apenas 27% projetavam queda, num movimento contrário ao da maioria dos segmentos do varejo. A Abras, entidade nacional do setor, está com dados desatualizados por causa da pandemia. A última divulgação é de fevereiro.