A disputa entre as perfumarias populares no Estado de São Paulo ficou mais acirrada. A família Kamachi, que era sócia da Sumirê, está inaugurando este mês a rede Soneda, que já começa com uma estrutura de 27 lojas e faturamento anual ao redor de R$ 200 milhões.
Por 26 anos, a família Kamachi foi sócia na Perfumaria Sumirê, que opera no modelo de associativismo, com 65 unidades e cerca de 40 proprietários. Deixou o negócio no início do ano e ficou com 16 lojas. Em março, comprou a Perfumaria 2000, do Grupo Roge, com 10 pontos de venda, e decidiu lançar a nova marca.
Daniel Kamachi, diretor da Soneda, disse que serão investidos R$ 20 milhões até o fim do ano na remodelação das lojas atuais. Também investiu em uma nova unidade no Shopping Metrô Santa Cruz, na capital paulista – a primeira da rede em um shopping center.
Para enfrentar a própria Sumirê – fundada há 34 anos em Jacareí por Akio Koga – e outras concorrentes de origem japonesa, como Ikesaki, Teruya Perfumaria e Nikkey Cosméticos, Kamachi programou a reinauguração de quase uma loja por dia neste mês.
O empresário conta que mudou o posicionamento da rede adquirida para incluir cosméticos. “Antes, eram vendidos basicamente itens de higiene pessoal. Transformamos essas lojas em espaços de beleza e isso colaborou para elevar o faturamento em 20% desde que assumimos a operação, em março”, afirmou.
Considerando as unidades em operação antes da conversão de bandeira, a receita em 2017 somou R$ 200 milhões. Para este ano, a perspectiva é de crescimento ao redor de 7%, pois as lojas maduras terão taxa de expansão bem menor. O empresário disse que, neste ano, “a economia está difícil e ainda teve a greve dos caminhoneiros e a Copa do Mundo”.
Segundo Kamachi, a forte valorização do câmbio está prejudicando as atividades. Cerca de 40% dos produtos comprados pela Soneda são fornecidos por multinacionais, que estão repassando a alta nos insumos para os preços. “A Unilever aumentava os preços duas vezes por ano, mas neste ano já foram seis”.
A Soneda, cujo nome é inspirado em um bairro da cidade japonesa de Fukuoka, atende em média 450 mil consumidores por mês. A expectativa é atingir a marca de 700 mil clientes mensais até o fim deste ano. A família desembarcou no Brasil em 1934 e começou a trabalhar na área de confecções, assim como boa parte dos integrantes da colônia japonesa.
Foi há mais de três décadas que os imigrantes, insatisfeitos com o desempenho desse setor, decidiram abrir perfumarias. Um dos precursores foi Hirofumi Ikesaki, fundador da rede com oito unidades em São Paulo que leva seu sobrenome, da marca de secadores Taiff e da maior feira de produtos de beleza do país, a Beauty Fair.
O primeiro estabelecimento da Ikesaki, na Rua Galvão Bueno, no bairro da Liberdade, continua no mesmo local. A Sumirê está presente em São Paulo e Minas Gerais. No país, outras empresas do setor com porte expressivo são a cearense Iap Cosméticos, com 44 pontos espalhados por Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí e Alagoas, e a mineira Lojas Redes, que possui 50 unidades.
Fonte: Valor Econômico