O Sul concentra boa parte das centrais de compras do varejo de alimentos. Das 36 listadas no Ranking SM 2016, 13 delas estão localizadas na região e faturam juntas quase R$ 5,9 bilhões – vendas de 2016. Melhor: apesar da crise, a maioria alcançou um crescimento real expressivo. A busca por escala de compras, que se traduz em redução de custo, além de aumento de volume e margem, tem sido acompanhada de avanço na gestão das lojas e de inovação nos serviços prestados. Para Paulo Angelo Cardillo, executivo de centrais, essa é a evolução desse modelo de organização. “O Sul é considerado um dos berços das centrais no Brasil e, com ele, tem fortalecido inúmeras pequenas empresas”, diz.
Central vira empresa com estrutura de capital e governança
Rede Top (SC)
R$ 634,9 milhões
8,6% de crescimento real em 2016
7 empresas
30 lojas
Fonte: Ranking SM 2016
O desenvolvimento de centrais vem sendo observado de diversas maneiras. Um dos projetos que começa a ganhar corpo é o de transformar a organização em empresa com estrutura de capital e governança, caso da catarinense Rede Top. No ano passado, os sete donos abraçaram o desafio de virar sócios de uma mesma companhia, processo em andamento, que ainda está sendo amadurecido. Eles já construíram novo Centro de distribuição de 10 mil m² e iniciaram a migração de suas lojas para a marca Rede Top. O novo CD tem permitido compra de maiores volumes e, portanto, favorecido melhores negociações, além de redução de custos. O objetivo dos empresários é expandir o número de lojas de forma conjunta e conquistar excelência na gestão do negócio.
O grupo já conta com consultorias especializadas para analisar os tipos de lojas que devem abrir, em quais cidades, com que área de vendas e sortimento. “Com a unificação, além de ampliarmos o valor de mercado do negócio, vamos aperfeiçoar a qualidade de cada operação”, diz Paulo César Lopes, diretor de marketing da Rede. Hoje, a pequena central já atinge vendas de empresa grande – quase 635 milhões de reais por ano. Segundo Lopes, a inspiração para o novo sonho partiu de uma central espanhola, que se transformou em empresa e agora detém 50% do mercado de Madrid.
Atenção às tendências e tecnologia
Rede Super (RS)
R$ 1.002 bilhão
15% de crescimento real em 2016
35 empresas
65 lojas
Fonte: Ranking SM 2016
Outro bom exemplo de sucesso é a Rede Super, do Rio Grande do Sul. O lançamento de um aplicativo que permite ao consumidor localizar a loja mais próxima e receber ofertas exclusivas foi uma das iniciativas que contribuiu para o aumento do fluxo de clientes e das vendas em 2016 – alta real de 15%. “Sozinhos, muitos dos nossos associados não conseguiriam investir numa ferramenta como essa”, observa Ibanes Bertagnolli, presidente da organização. “Mas com a central todos podem seguir tendências e a usufruir de novas tecnologias”, acrescenta.
O coração do negócio continua sendo ganho de escala. Hoje, a Super Rede compra de cerca de 90% do mix das lojas (percentual elevado e incomum entre centrais). Com isso, reduz o custo das mercadorias entre 15% e 20% com reflexos positivos no resultado. Afinal, as lojas podem oferecer preços melhores ao consumidor e/ou aumentar a margem, conforme sua estratégia. A compra conjunta da maioria das categorias, também permite que o supermercadista tenha uma equipe de compras enxuta, com economia na folha de pagamentos.
A Rede Super também conta com centro de distribuição, montado em área de 8 mil m². A concentração das entregas tem assegurado ganhos logísticos e diminuição de ruptura. “Nos primeiros meses como associado da central, as lojas costumam registrar aumento de 50% no valor de suas vendas”, garante Bertagnolli.
A central já é responsável pelas campanhas de TV, tabloides, rádio, uniformes de funcionários, fachada das lojas. E recentemente passou a oferecer consultoria jurídica e de arquitetura aos associados. No próximo ano quer contribuir com treinamentos e mais apoio na gestão dos supermercados. Quanto maior a eficiência, melhor o resultado.
Replicando experiências dos associados
Rede Unimax (RS)
R$ 662,9 milhões
58 empresas
98 lojas
Fonte: Ranking SM 2016
Um sistema baseado em cases de sucesso dos próprios associados – atualmente são 58 – é o pulo do gato da central Unimax, do Rio Grande do Sul. Segundo Paulo Amaral, o gestor geral da organização, os cases ajudam a aprender, adaptar, corrigir e inovar. “É uma verdadeira troca de experiências que ocorre durante reuniões periódicas, tendo como alvo a gestão das lojas”, conta. A central tem como principal proposta comprar bem, mas os associados sabem que vender bem também deve ser o foco. E isso passa por decisões certas na organização da loja, exposição de produtos, precificação, política de descontos, entre outras preocupações.
A central é responsável pela compra de 55% do sortimento, e, em média, as mercadorias têm custo 15% inferior. A organização opera ainda 20 SKUs de marca própria (alimentos e não alimentos de alto giro), que garantem margem média bruta de até 30%. Os associados contam com o cartão de crédito Unimax, que permite ao consumidor pagar em até 40 dias sem juros e “assegura ao supermercadista uma das menores taxas cobradas no Estado ao varejo local”, diz Amaral. Nos próximos anos, a Unimax pretende melhorar a logística com a aquisição de frota própria, além de continuar capacitando os profissionais das lojas. Isso a partir de cursos como os de publicidade em redes sociais e manipulação adequada de carnes.
Marcas importadas exclusivas
Rede Premium (SC)
R$ 1.034 bilhão
22% crescimento real em 2016
11 empresas
41 lojas
Fonte: Ranking SM 2016
Proporcionar um mix mais diversificado e de maior valor agregado aos associados é uma das propostas da central Premium, de Santa Catarina. A rede compra importados, como vinhos, azeites e chocolates, direto de fabricantes chilenos, uruguaios e argentinos. Todos de marcas exclusivas. “Com o ganho de escala, esses itens ficam até 20% mais baratos do que se fossem negociados individualmente. É uma vantagem importante”, comemora Roberlei Nardelli, vice-presidente da Rede Premium. Mas a principal estratégia é priorizar uma marca. A escolha recai naquela mais vendida pela maioria das lojas e com portfólio completo. Com tal decisão, é possível negociar melhores preços e apoio ao ponto de venda, além de diminuir ruptura. “Conseguimos negociar margens vantajosas, e firmamos contrato anual com o fornecedor”, conta Nardelli. Segundo ele, o segredo está em acompanhar tendências e as mudanças de comportamento dos consumidores. “É importante revermos o mix negociado periodicamente”, defende. Para 2017 a central estima um crescimento de 18%. Esses quatro exemplos mostram que não à toa a região Sul do País concentra um dos melhores resultados entre as centrais.
Fonte: Supermercado Moderno