Em março do ano passado, as redes de fast food protagonizaram uma guerra de preços que ganhou as redes sociais e as praças de alimentação dos shopping centers. A Subway observava de longe, mas era cobrada pelo público a também participar da rinha de preços. Assim, precisou desenvolver uma habilidade que até então não era comum na gestão da marca: agilidade para inovar e colocar em prática.
“Conseguimos desenvolver a aceleração do processo de inovação e responder com mais agilidade ao mercado. A empresa ainda é muito conservadora, mas agora estamos conseguindo nos adequar”, explica o diretor regional da Subway Brasil, Michel Machado.
Assim nasceu a promoção de dois sanduíches pelo preço de um, que teve duas edições em 2019 e trouxe um incremento de vendas de 198% na comparação com os mesmos períodos do ano anterior. “Daí por diante, esse movimento de inovação foi tão intenso que lançamos 15 ingredientes no ano passado. Os franqueados ainda estão tendo dificuldade de assimilar tanta novidade”, afirma.
O executivo ocupa o cargo mais alto da Subway no Brasil desde agosto de 2018 e conta que a empresa começou a sentir melhora nos índices econômicos ainda no segundo semestre do mesmo ano. O ápice foi o último trimestre de 2019. Ele não abre o faturamento da rede, mas garante que o crescimento foi de 3,5%.
Mais de 100 lojas fechadas em 2019
Apesar dos bons números, nem tudo foi motivo para comemoração em 2019 para a master franquia brasileira da Subway. A rede teve um crescimento exponencial no país desde a adoção do modelo de desenvolvedores de área, nos anos 2000, e atingiu mais de duas mil lojas, algo raro no setor. Mas precisou fechar as portas de 133 unidades ao longo dos últimos doze meses.
O ranking com as 50 maiores franquias do Brasil, divulgado na semana passada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF), lista a empresa como uma das cinco maiores franquias de alimentação em operação no país. Na listagem, a rede aparece com 1864 unidades e uma redução de 230 lojas entre 2019 e 2018, mas o executivo diz que a informação considera o número de unidades que a Subway tinha no início de 2018 (2094).
Machado explica que muitas razões ocasionaram esses fechamentos: sazonalidade, problemas financeiros da unidade ou ausência do franqueado na gestão – o que pode enfraquecer a franquia. “Também tem a questão de pontos que eram bons, mas por mudanças em aspectos econômicos ou de mobilidade da região, deixaram de ser e realocamos a loja. Para 2020, isso deve acontecer com mais 50 restaurantes”, adianta.
Nos Estados Unidos, a marca retrocedeu uma posição, mas ainda está bem: passou de 5ª para a 6ª maior franqueadora do país. De acordo com levantamento da revista norte-americana Franchise Times, a rede concentra mais de 24 mil pontos dentro do país e 17 mil internacionais. As vendas globais são estimadas em US$ 16,2 bilhões.
Planos para o futuro
A rede colocou o pé no freio da expansão. Para 2020, apenas 30 novas lojas devem entrar no catálogo da marca, além dos repasses e transferências já previstos. Para ajudar a aumentar o faturamento das unidades, a Subway pretende manter ações promocionais como as que deram certo no ano passado, mas terá olhar atento para novidades e possibilidades de inovação.
O delivery também deve ganhar uma importância adicional na receita das lojas. Em 2019, a participação da modalidade passou de 5% para 13% no faturamento da rede.
Além disso, a Subway pretende aproveitar a imagem que tem entre os consumidores brasileiros para liderar um movimento forte no mercado de alimentação. Em meio a tantas opções de fast food, a marca acaba sendo vista como uma “opção mais saudável” e quer dobrar a aposta nesse aspecto. Para o segundo semestre de 2020, Machado pretende dar mais foco ao vegetarianismo no cardápio, mas não adianta quais serão os investimentos nessa frente.
A expansão mais moderada, motivada pelos aprendizados recentes, ainda será amparada nos desenvolvedores de área. O foco é crescer em todas as regiões, mas com a mesma base de franqueados. Haverá poucas adições externas. A inovação ficará centrada no consumidor e em soluções que aumentem a receita das lojas, passando longe da expansão. “Estamos mais conservadores nesse sentido.”
Fonte: PEGN