A Dostavista, que adotou o nome Click Entregas por aqui, anunciou um investimento série B de 15 milhões de dólares
O mercado de entregas é um dos mais aquecidos do Brasil, país no qual se gasta o equivalente a 12,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em logística. Enquanto gigantes investem na melhora de sua logística, startups do ramo começam a amadurecer — algumas delas já valem mais de um bilhão de dólares. Passamos recentemente a dar mais um passo nessa competição: a entrada de concorrentes internacionais.
O grupo russo Dostavista começou a operar em terras brasileiras em 2017, sob o nome Click Entregas. Agora, uma captação de recursos ampliará sua presença por aqui. A empresa recebeu um aporte série B de 15 milhões de dólares do fundo Vostok New Ventures, também investidor das startups BlaBlaCar e Delivery Hero. O Dostavista recebeu ao todo 20 milhões de dólares em investimentos.
“Uber para entregadores” no Brasil
O russo Mike Alexandrovski, cofundador do Dostavista, afirma que a empresa surgiu há sete anos com a ideia de se tornar uma espécie de “Uber para entregadores”.
Por meio de um aplicativo, clientes pedem entregas de produtos e são conectados aos entregadores mais próximos e disponíveis. O modelo de viabilização pelos próprios usuários, conhecido como crowdsourcing, promete reduzir o tempo de entrega. O grupo tem 400 funcionários, 70 deles engenheiros com a função de otimizar a melhor rota para delivery e melhorar a conexão entre cliente e entregador.
O novo aporte de 15 milhões de dólares será usado para novas contratações em tecnologia, melhorando o algoritmo de trajetos e de matchmaking, e em diretores regionais de produto que adaptem o Dostavista para cada país e expandam a empresa.
O Dostavista começou sua estratégia de expansão global em 2016 e está presente em 11 países atualmente. A maioria é composta de economias emergentes, como a própria Rússia. Brasil, Índia, Indonésia, México e Turquia estão na lista. Globalmente, tem um milhão entregadores cadastrados para lidar com 200 mil clientes.
Por aqui, a Dostavista adotou o nome Click Entregas. Começou a fazer testes em 2017, mas apenas no ano seguinte realizou as primeiras entregas.
“Vimos como o comércio eletrônico, que concentra a maioria dos nossos clientes, cresceu no Brasil. Olhamos não para dimensão geográfica quando vamos expandir, mas para a demanda da população por entregas rápidas”, afirmou Alexandrovski a EXAME.
Hoje, a Click Entregas tem cinco mil clientes pessoa física ou jurídica nacionalmente, desde players de autopeças e comércio eletrônico até gráficas e odontologia. Cerca de 86% das solicitações são para entregas urgentes. Dessas, 90% são feitas em até 90 minutos. Mil entregas são feitas diariamente pela Click Entregas.
Além da velocidade, a empresa afirma que alguns de seus diferenciais são o agendamento completamente online e o seguro das encomendas, que pede como pagamento 1% do valor da carga. O seguro está disponível apenas no Brasil e no México e representou uma adaptação da Dostavista ao mercado local.
Concorrência nas entregas
A Click Entregas enfrenta um mercado cheio de concorrência. A mais notável é a Loggi, startup que também atua com logística para comércios eletrônicos e foi recentemente avaliada como unicórnio (valor de mercado de um bilhão de dólares ou mais).
A Click Entregas aposta que há espaço para diversas empresas, diante do tamanho da demanda por logística nos grandes centros urbanos. Seu foco está em pequenos e médios empreendimentos e em empregar pessoas que não eram entregadores anteriormente.
Também acredita que sua presença global trará experiências únicas à operação brasileira e vice-versa. “Somos uma companhia global enfrentando as dificuldades do delivery. Estamos chegando a novos mercados e adquirindo conhecimentos para o modelo que será o melhor em qualquer parte do mundo”, afirma Alexandrovski. “A competição enriquece nossa atuação. É o que acontece por aqui, com a Loggi, e na Indonésia, com a GoJek. Mesmo e talvez por causa dela, mantemos nossa meta de dobrar a cada ano”.
A guerra do delivery, dentro e fora de terras brasileiras, está longe do fim.
Fonte: Exame