Rede varejista para público de alta renda cancelou a oferta que seria realizada no ano passado, mas ainda tem abertura de capital no horizonte
Por Beatriz Quesada
A rede de supermercados St Marche não descartou completamente seus planos de entrar na bolsa. Relatório divulgado hoje pelas analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão, do Credit Suisse, aponta que os planos de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), seguem vivos dentro da companhia. As analistas se reuniram com o CEO da rede, Bernardo Ouro Preto, e com o diretor financeiro Caio Furlani.
A companhia cancelou a abertura de capital no último ano devido às condições de mercado, que foram se deteriorando à medida que a inflação avançava e os juros subiam. A expectativa, na época, era levantar entre R$ 600 milhões e R$ 800 milhões.
O setor, no entanto, continua promissor na visão das analistas. “Embora o segmento de atacado esteja ganhando impulso operacional positivo em meio ao ambiente macroeconômico mais desafiador, os supermercados também representam um mercado grande, mas altamente fragmentado, com espaço potencial para crescimento e consolidação adicional”, afirmaram.
A primeira loja St Marche foi inaugurada em 2002, na cidade de São Paulo, e atualmente a rede conta com 26 supermercados sob essa bandeira e duas unidades gourmet da bandeira Empório Santa Maria – estes últimos com representação de apenas 12% nas vendas.
A companhia pretende expandir suas operações em um raio de 100 km da cidade de São Paulo, esperando fechar 2022 com 30 lojas e alcançar em torno de 45 lojas nos próximos 2 a 3 anos.
No último ano, a companhia alcançou a marca de R$ 1 bilhão em vendas brutas, com vendas em mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) aumentando 35% em dois anos. O Ebitda, indicador de caixa operacional, atingiu R$ 61 milhões, alta de 6,8% nos cálculos do Credit.
Um dos principais concorrentes do St Marche, segundo a avaliação do Credit, é o Grupo Pão de Açúcar (GPA – PCAR3), já listado em bolsa. Maior em marca e em tamanho, o GPA larga na frente do St Marche quando o assunto é recorrência.
Embora a marca premium tenha um dos maiores indicadores de satisfação do cliente do setor – um NPS de 88 – e preços competitivos comparáveis ao GPA, 70% de seus clientes ainda compram no principal concorrente.
Uma das vantagens do St Marche é a produtividade. “Em última análise, St Marche gera maior produtividade em suas lojas de R$ 60 mil/m² em comparação às unidades de R$ 24 mil/m² do GPA, com penetração digital de 8%-9% das vendas, amplamente em linha com o concorrente”, avaliam as analistas.
Fonte: Exame