Por Ana Luiza de Carvalho | A rede de perfumarias Soneda vai abrir nos próximos meses suas primeiras unidades em Campinas (SP) e no noroeste do Estado, nas cidades de Bauru e Araçatuba. As inaugurações, que se somam a duas novas lojas na capital paulista e uma terceira a ser anunciada, fazem parte de um plano de expansão apoiado em R$ 24 milhões em investimentos previstos para este ano.
O valor representa alta de 9% em relação a 2023. A rede criada em Franco da Rocha (SP) levou o modelo de perfumarias popular nas periferias para os centros urbanos da capital e para a Baixada Santista nos últimos anos.
A ideia, agora, é seguir a expansão para o interior, incluindo mais classes sociais e ocasiões de compra. “Esses clientes procuram por mais experiência, não só pegar o produto e ir embora. Queremos ‘gourmetizar’ a experiência de perfumaria, como ocorreu com padarias”, explica ao Valor Minoru Kamachi, CEO da companhia. Para 2024, a rede estima faturamento de R$ 420 milhões, alta de 17% no comparativo anual.
A Soneda nasceu seguindo o modelo das perfumarias existentes na periferia de São Paulo. A ideia era ser uma loja de fácil acesso em regiões residenciais para compra de itens de beleza e higiene como shampoo, produtos para o corpo e para manicure. A principal loja está na avenida Paulista, próxima ao metrô.
A família de Minoru Kamachi administrava perfumarias que integravam a associação de lojas Sumirê, mas em 2018 adquiriu a antiga rede Perfumarias 2000 e converteu todas as unidades do portfólio para a recém-criada marca Soneda. “Nós queríamos ser o Minuto Pão de Açúcar da beleza”, afirma Kamachi.
Apesar da Soneda enxergar oportunidades de aberturas em bairros da Zona Leste de São Paulo em que já está presente, como Brás e Mooca, a companhia incluiu no plano de expansão o público acima da classe B. A primeira loja em Campinas (SP), que deve ser inaugurada em novembro, será no Shopping Iguatemi. Essa foi a estratégia da companhia ao inaugurar unidades em bairros nobres da capital paulista como Moema e no Itaim Bibi. Segundo Kamachi, a facilidade de lojas na vizinhança também cativou o público de mais alta renda.
Outra estratégia da Soneda foi investir em localizações privilegiadas, maiores metragens e um mix de serviços para além do portfólio de beleza. É o caso da loja do metrô Conceição, que será inaugurada na próxima terça-feira, e da unidade de Santo Amaro aberta em março.
Outra iniciativa que continua, mas agora em nova roupagem, é a parceria com a varejista de utilidades Daiso. A Soneda iniciou em 2021 um modelo de chamado “store-in-store”, em que as perfumarias contavam com uma parte do portfólio da Daiso à venda nas próprias unidades, de forma que o cliente poderia adquirir itens das duas redes em uma única compra.
A parceria deu tão certo, de acordo com Kamachi, que a Soneda vai utilizar um modelo inédito e com ainda mais espaço para os itens da varejista japonesa. As lojas de Bauru e Araçatuba, que devem ser inauguradas em setembro e outubro respectivamente, terão sua área de vendas dividida igualmente entre Daiso e Soneda. Na avaliação do executivo, essa visão de diversificar o negócio é o que diferencia a empresa de outras varejistas de beleza, como a Sumirê e a Ikesaki.
Pensar o negócio para além do universo de beleza, segundo Minoru Kamachi, também levou a Soneda a incluir uma leva de executivos de mercado com experiência em diversos segmentos da indústria e varejo. O CEO é o caçula de sua geração e comanda um time de executivos que, até então, era formado apenas pelos sobrinhos.
Apesar da chegada dos primeiros executivos de fora da família, Kamachi destaca que a cultura da empresa segue inalterada, com a experiência de vendas e de atendimento ao cliente como imperativos da rede. O executivo aponta que 30% da carga horária dos diretores é dedicada a estar nas lojas, lidando com o dia a dia do varejo. Exercer as atividades administrativas apenas em escritórios, na visão dele, afasta os executivos do coração da operação. “É como se cuidasse do filho por telemedicina, vendo o indicador que está bom, o indicador que está ruim. De perto gera maior indignação e a ação é mais rápida”, compara.
Fonte: Valor Econômico