Serviço concebido pela Brink’s interliga banco, cliente e varejista. Ir ao banco e sair com dinheiro no bolso tornou-se um hábito menos comum nos últimos anos, à medida que os serviços financeiros se transferiam para a internet e os bancos fechavam agências físicas para reduzir despesas. Agora, uma nova maneira de proporcionar dinheiro vivo ao consumidor está tomando forma, sem voltar a onerar as instituições financeiras: é deixar que o próprio varejo ofereça a opção de saque.
O modelo, que a empresa de transporte de valores Brink’s planeja disseminar no país, é simples: a pessoa vai até um supermercado ou outro varejista e retira no caixa o valor desejado. Basta entrar no aplicativo do banco do qual já é cliente e gerar um código QR – aquele que mostra diversos desenhos dentro de um quadrado. Depois, é mostrá-lo ao caixa e pegar o dinheiro.
Batizado de Brink’s Pay, o serviço foi concebido pela empresa, mas a transação é feita diretamente com a instituição financeira. “A relação [do usuário] não é com a Brink’s, mas com o banco”, diz Fernando Sizenando, presidente da companhia. “Não temos pretensão de ser uma fintech. Somos um facilitador.”
Pelo modelo, toda vez que uma retirada de dinheiro ocorrer, a Brink’s será remunerada pelo banco. Parte do dinheiro será repassado ao varejista. A companhia não revela detalhes financeiros.
A expectativa da Brink’s é chegar ao fim do ano com 5 mil a 10 mil lojas adaptadas ao serviço e cerca de um milhão de usuários aptos a fazer os saques. Na primeira fase, a meta é atrair três bancos. “Temos duas instituições financeiras com contrato pronto e alguns varejistas olhando”, diz João Carlos Brunhera, diretor-geral da Brink’s Global Payments, divisão de serviços digitais da companhia. A tecnologia já está integrada a sistemas de gestão usados por redes varejistas, afirma o executivo.
As fintechs estão entre os principais alvos porque não contam com uma rede física para atender os clientes, mas grandes bancos também podem se beneficiar do modelo para ampliar sua cobertura, diz Sizenando.
Para os varejistas, além da remuneração por saque, as vantagens incluir melhorar a segurança, ao reduzir o volume de dinheiro parado em caixa, e atrair mais consumidores ao estabelecimento.
Ainda pouco usados no Brasil, e quase sempre de maneira informal, os saques no varejo estrearam na década de 80, com a rede varejista britânica Tesco, e tornaram-se comuns nos Estados Unidos.
Segundo Sizenando, embora exista o risco de canibalizar parcialmente o serviço tradicional da companhia – o de transporte de dinheiro – o sistema pode reduzir os custos operacionais da empresa e, portanto, garantir margens melhores.
A tecnologia do Brink’s Pay foi desenvolvida por uma equipe brasileira ao longo do último ano e pode vir a ser exportada para outras operações da empresa ao redor do mundo.
Fonte: Valor Econômico