Por Maria Luiza Filgueiras | A Shoulder decidiu antecipar a incorporação da Oriba, o que só aconteceria em 2028 – sinal que Beny Majtlis gostou do desempenho de seu primeiro M&A e está pronto para novas transações.
A rede investiu na Oriba em 2022, com um cheque de R$ 9 milhões por uma fatia minoritária naquele ano, o mesmo montante em 2023, e então faria a aquisição integral em cinco anos. A transação envolveu troca de ações, mas os dados não foram revelados. Enquanto a Shoulder é voltada para moda feminina, a Oriba atua em moda masculina.
O formato de avanço gradual foi uma opção da Shoulder para mitigar riscos operacionais e societários enquanto entendia se a operação, cuja tese fazia sentido, também ia se provar na prática. Do lado da Oriba, permitia que os valores para quitação subissem, à medida que a marca crescesse – rendendo aos sócios uma fatia crescente da Shoulder.
As companhias, no entanto, chegaram num impasse. Ambas têm tido crescimento, mas o que a Oriba poderia se aproveitar da sócia, como economia de backoffice, sistemas para rodar as vendas digitais e outras sinergias só se tornam viáveis com a absorção completa do negócio – como colocar a Oriba em lojas multimarcas.
Para Paulinho Moreira, fundador da Oriba, os ganhos operacionais e tecnológicos com a incorporação trarão benefício na relação com os clientes. “A sinergia que as equipes e sócios alcançaram em pouco tempo foi muito positiva e proveitosa”, emenda Rodrigo Otani, cofundador da marca. Aquele potencial ajuste nas contas para os sócios fundadores da Oriba virá por meio de earn-out. Eles seguem à frente da marca após a incorporação.
Quando a negociação foi feita, a marca de apelo ESG e que nasceu online tinha uma loja de rua. Hoje são cinco unidades, sendo duas em shopping, e a Oriba investiu em aumento de mix – como a coleção RePet, que reaproveita plástico pet, e Hemp, com fibra de cannabis. A Shoulder, por sua vez, tem 80 lojas e vende para mil multimarcas.
O movimento é simbólico para a segunda geração dos Majtlis no comando da Shoulder (Beny é o CEO e sua irmã Monique é diretora de estilo). Se não tinham certeza sobre avançar como uma casa de marcas, agora a companhia quer seguir essa trilha – tem negociações em curso e deve anunciar uma nova aquisição ainda neste ano.
“Estamos dispostos a construir um ecossistema de talentos e marcas fortes capazes de liderar a evolução da moda no Brasil”, diz o CEO. “Percebemos que podemos acelerar o potencial de empreendedores da moda. A Oriba foi um primeiro movimento e, quando fizemos a transação, era tudo novo e estávamos testando esse nosso novo papel.”
Fonte: Pipeline Valor