O mercado de shopping centers no Brasil tende a apresentar recuperação neste semestre, devido à base de comparação mais fraca, ao aumento na taxa de desemprego mais leve e à contração menos severa no Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao primeiro semestre do ano, de acordo com os analistas do Credit Suisse Nicole Hirakawa, Luis Stacchini e Vanessa Quiroga.
Os analistas do Santander, Bruno Mendonça e Renan Manda, também esperam melhora no setor, à medida que houver recuperação no PIB e a taxa básica de juros (Selic) recuar, reduzindo sua alavancagem e queima de caixa.
Parte das operadoras de shoppings com capital aberto, após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, também informaram que esperam recuperação ainda neste ano.
A BRMalls, maior companhia do setor, informou na teleconferência para analistas sobre o balanço que espera melhora na receita com aluguéis a partir deste terceiro trimestre, com a redução de descontos para lojistas. “No segundo trimestre, concedemos descontos pontuais de até três meses para empresas com dificuldades financeiras, mas que a companhia vê como parceiros que estarão conosco no longo prazo”, disse Frederico Villa, diretor financeiro e de relações com investidores da BR Malls.
Esses descontos afetaram os resultados da companhia no segundo trimestre, quando a BR Malls apresentou queda de 4,2% na receita líquida, para R$ 321,7 milhões, já excluindo a participação dos shoppings vendidos nos últimos 12 meses. As vendas em “mesmas lojas” (existentes há pelo menos um ano) caíram 1,7% no trimestre, enquanto o aluguel nessas mesmas unidades cresceu 2,2%. A inadimplência líquida da companhia chegou a 4,8%, com alta de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo trimestre de 2015. A BRMalls detém participação em 45 shoppings.
A operadora Iguatemi, dona de 17 shoppings, informou ter visto sinais positivos no desempenho dos shoppings em junho, “principalmente pelo cenário político que começa a se ajustar, indicando um começo mais promissor para o segundo semestre do ano”.
O grupo espera ainda que a entrega de empreendimentos multiuso (Iguatemi São José do Rio Preto e Iguatemi Esplanada) e o maior controle de despesas ajudem os resultados neste segundo semestre. A Iguatemi fechou o período de abril a junho com alta de 4,1% na receita, para R$ 162,8 milhões, com incremento de aluguéis mesmas lojas de 6,4%.
A Sonae Sierra Brasil, dona de nove shopping centers, é outra companhia que vê um cenário mais animador. “Acreditamos que o segundo semestre deste ano deverá trazer estabilização nos níveis de consumo”, informou a empresa, em relatório sobre o balanço encerrado em junho. A empresa fechou o segundo trimestre com alta de 2,9% na receita líquida, para R$ 82,3 milhões. O aluguel em mesmas lojas cresceu 4,4% e as vendas nessas unidades recuaram 1,7%.
Adriana Colloca, superintendente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), disse que espera recuperação no desempenho do setor, por conta da melhora de alguns índices macroeconômicos. Ela também observou que algumas categorias, como alimentação e lazer, têm apresentado desempenho positivo nos shoppings, o que pode ajudar o setor na segunda metade do ano, quando as vendas em lojas já crescem por conta de datas como Dia das Crianças e Natal. “O segundo semestre vai ser melhor que o primeiro”, disse Adriana.
Ela observou que as operadoras têm planos de inaugurar 27 shoppings no ano, dos quais 16 estão previstos para o segundo semestre. As novas áreas em si já contribuem para o aumento nas vendas do setor. Para o terceiro trimestre, a Abrasce ainda não tem uma previsão fechada. Em julho, o setor apresentou crescimento de vendas de 3,1%, em comparação a julho de 2015. O nível de vacância de lojas ficou em 5% no período.
Para analistas do Credit Suisse, a recuperação desse mercado deve ser mais evidente no primeiro semestre de 2017. Em relação ao horizonte até o fim deste ano, o banco ainda prevê dificuldades para as operadoras, com possível um aumento nas taxas de inadimplência. Pelos cálculos do banco, tais indicadores devem piorar entre 0,6 e 1,4 ponto percentual nesse intervalo.
A previsão mais pessimista é para a Aliansce, com aumento de 1,9 ponto na inadimplência, para 7,7%. No segundo trimestre, a inadimplência líquida da Aliansce foi de 5,8%, com alta de 2,5 pontos percentuais ante igual intervalo de 2015.
Para a Sonae Sierra, o Credit estima elevação de 1,4 ponto percentual na inadimplência. De abril a junho, o indicador na operadora subiu 2,25 pontos percentuais, para 6,9%. Para a BRMalls, o Credit prevê um aumento de 1 ponto percentual, chegando a 5,8%. A BRMalls fechou o segundos trimestre com alta de 1,1 ponto percentual na taxa de inadimplência, para 4,8%.
A previsão mais otimista do Credit Suisse é para a Iguatemi, com incremento de 0,6 ponto percentual no índice que mede os atrasos nos pagamentos à companhia. A taxa subiu 1,3 ponto percentual no segundo trimestre, chegando a 3%.