Após uma fase de expansão do número de shopping centers no Brasil nos últimos anos, os players do setor vão buscar rentabilidade nos espaços já existentes. Com perspectiva de avanço de 7% do faturamento em 2019, a vacância nos empreendimentos deve diminuir, bem como os descontos nos aluguéis.
“Estamos mais otimistas e confiantes. Com a perspectiva de retomada no mercado de trabalho e crescimento da renda familiar para 2019, o desempenho do setor de shopping centers deve ser melhor neste ano”, diz o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai.
De acordo com o dirigente, para este ano a tendência é que um número menor de empreendimentos seja inaugurado, de modo que as administradoras devem se concentrar em diferentes formas para rentabilizar a Área Bruta Locável (ABL).
“Percebemos que nos últimos anos os shoppings tiveram que tornar seus espaços mais rentáveis, com a instalação de quiosques, lojas de temporada, realização de feiras e eventos e investimentos em entretenimento.”
Segundo Humai, os descontos concedidos aos lojistas nos anos de crise devem ser gradualmente reduzidos durante o ano. Para ele, um novo ciclo de abertura de shoppings deve ocorrer apenas em 2020, depois da consolidação das expectativas positivas sobre emprego e renda.
De acordo com balanço realizado pela entidade, em 2017 a taxa de vacância dos empreendimentos girava em torno de 6%. De janeiro a novembro do ano passado, esse percentual baixou para 4,8%, auxiliando o setor a atingir faturamento em torno de R$ 178 bilhões no período de 2018.
O levantamento também indica um esforço por parte dos players para diversificar o portfólio de comércio e serviços. Na passagem de 2017 para o ano seguinte, houve aumento de 2,8% no número de salas de cinema. Na mesma base de comparação, os empregos diretos gerados pelo setor passaram de 1,02 milhão para 1,08 milhão, representando um incremento de 5,4%.
Além disso, a ABL desses empreendimentos passou de 15,5 milhões de m², em 2017, para 16,3 milhões de m² no ano passado. Tal avanço foi sustentado em parte pela chegada de novas propostas de negócios dentro dos complexos, como condomínios empresariais, hotéis, centros clínicos, condomínios residenciais e faculdades.
O dirigente da Abrasce lembra que os shoppings também estão lidando com o processo de transformação digital pelo qual todo o varejo brasileiro vem passando.
“Vemos que cada grupo de empreendimentos está tentando traçar seu caminho para integração entre os canais de vendas. O grande foco deve estar no atendimento ao cliente independentemente de onde ele estiver”, observou Humai, destacando que a criação de alguns marketplaces próprios é um dos possíveis caminhos dentro desse cenário de constantes mudanças.
Transformação digitalUm dos exemplos de iniciativas voltadas para a integração entre os canais de venda foi a parceria estabelecida entre o aplicativo de entregas Rappi e o Shopping Metrô Tucuruvi, localizado em São Paulo.
“Nosso objetivo é promover atendimento para toda Zona Norte da cidade para minimizar o dispêndio de tempo do cliente, com foco na experiência multicanal do consumidor e possibilidade de personalizar seus pedidos”, disse o diretor de operações da administradora do shopping, Fred Youssef.
A iniciativa possibilita que os usuários possam realizar compras em todas as lojas do empreendimento por meio da plataforma online a partir do início de fevereiro e receber os produtos em casa.
Na avaliação da diretora da Rappi, Camila Velzi, a parceria com o setor de shoppings representa um passo importante na estratégia da empresa. “A ideia é estar sempre presente no cotidiano do consumidor, tirando a obrigação do cliente de ir fisicamente até o varejo”, complementou ela.
Ainda de acordo com a executiva, embora o segmento de alimentação e também de farmácia apresentem geralmente maior frequência de compra online, outras categorias de itens devem “pegar carona” nesse movimento na demanda dos brasileiros por entregas expressas nos centros urbanos.
Fonte: DCI