Dois anos de recessão seguidos e de queda nas vendas derrubaram o números de lojas nos shoppings. Entre abertura e fechamento, os shoppings terminaram 2016 com 18,1 mil lojas a menos em relação ao total de pontos de venda de 2015. Nesse número estão considerados os 19 shoppings inaugurados este ano.
“Sempre o saldo de lojas ao final de cada ano superava o do ano anterior”, afirma o presidente da Associação dos Lojistas de shoppings (Alshop), Nabil Sahyoun. Neste ano, no entanto, houve a primeira queda no saldo de lojas desde 2004, quando a entidade começou a acompanhar o total de lojas em operação. Os 761 shoppings em funcionamento no País encerram este ano com 121.638 lojas ativas ante 139.738 pontos de venda em funcionamento no final do ano passado.
Qualquer consumidor que circula por empreendimentos tradicionais na capital paulista percebe muitos espaços vazios. Os administradores dos shoppings alegam que não se trata de saída de lojas, mas da rotatividade normal entre lojistas. Mas não é isso que os números setor mostram.
Os casos se repetem também pelo interior. Nesta segunda-feira, 26, os corredores movimentados do Shopping Pátio Cianê, em Sorocaba, por exemplo, contrastavam com os espaços vazios, disfarçados por grande painéis coloridos. O shopping atravessou 2016 lutando para evitar a perda de lojas: são 207, das quais 31 vazias.
Este ano, com a queda nas vendas, outros dois grandes shoppings de Sorocaba – Esplanada/Iguatemi e Cidade Sorocaba – concentraram esforços para evitar a perda de lojistas. As administrações dos shoppings alegam que as perdas foram compensadas pela chegada de outras lojas.
Negociação
Luís Agusto Ildefonso da Silva, diretor da Alshop, diz que o movimento de fechamento de lojas foi mais intenso em empreendimentos relativamente novos, que não têm uma receita consolidada. Já nos shoppings mais antigos, as lojas que fecharam as portas foram substituídas por outras, porém, com condições de locação mais vantajosa para o lojista.
Sahyoun diz que houve lojas que saíram dos shoppings e ficaram só com a operação de rua. O ponto positivo desse movimento, segundo o presidente da Alshop, é que há um novo entendimento entre empreendedores de shopping e lojistas, com maior flexibilidade nas negociações. “Tem shoppings que abriram mão de luvas”, diz. Luva é um pedágio que o lojista paga pelo uso do ponto.
De toda forma, com o encolhimento, o setor deve fechar o ano com vendas de R$ 140,5 bilhões, equivalente a uma retração de 3,2% ante 2015. Será a primeira queda nominal desde 2004.