Como as corporações, que criam ações de incentivo com startups, os shopping centers também estão de olho no empreendedorismo inovador. Este mês, a BRMalls, com participação em 44 centros de compras, selecionou 15 empresas para um programa de aceleração que inclui mentorias com executivos do grupo e a Endeavor, organização global de fomento ao empreendedorismo. “O objetivo é buscar ideias que mostrem os caminhos para o shopping do futuro”, diz Jini Nogueira, diretora comercial da BRMalls.
O programa BRMalls Partners abriu as inscrições em setembro, com foco em empresas “scale ups” – empreendimentos em fase de crescimento acelerado, cujo modelo de negócio as ajuda a aumentar a atividade (produção ou vendas), sem que os custos cresçam no mesmo ritmo.
A iniciativa recebeu 700 inscrições, a maioria (40,5%) de São Paulo e 14,1%, a segunda maior fatia, do Rio de Janeiro. Representantes de varejistas parceiros, como Chilli Beans e Morana, também participaram da banca de seleção.
Além da viabilidade para expansão e capacidade de inovação no mercado varejista, os critérios de escolha incluíram ética na condução da empresa e conhecimento de mercado. Segundo Jini, a BRMalls pode virar uma parceira de negócios das finalistas. “Estamos de portas abertas para receber grandes ideias”, diz.
Entre as escolhidas, a maranhense Terra Zoo, com 230 funcionários, vende 15 mil itens nos segmentos pet, de aquarismo, jardinagem e agropecuária. Em 2006, adaptou o modelo de negócio, dedicado apenas à agropecuária, para um setor em crescimento: o de artigos para animais de estimação.
Segundo o diretor Márcio Vieira Brasil, a expectativa para 2017 é crescer 22%, ante o período anterior. O avanço anual projetado para os próximos cinco anos é de 20%. “O mercado pet tem crescido mesmo em momentos de crise e há um déficit no nicho de alimentação”, diz. Estima-se que menos de 50% dos animais no país consumam algum tipo de ração. “Isso aponta boa perspectiva de vendas, quando comparado ao mercado americano, onde 80% da população pet usa alimentos específicos.”
No próximo ano, Vieira Brasil planeja abrir ao menos mais uma loja da marca, totalizando seis, e reformar dois pontos. Desse total, mantém uma unidade em shopping, no Rio Anil, em São Luís (MA). “Pretendemos experimentar o modelo de franquias”, diz.
Na Laces, com cinco unidades em São Paulo, o objetivo é recuperar a saúde dos cabelos das clientes com tratamentos naturais – 95% do público da marca é feminino, segundo o CEO Itamar Cechetto. Há cinco anos a empresa, que também desenvolve produtos próprios, vem avançando 30% ao ano.
Uma das novidades do portfólio é uma coloração vegetal, composta de raízes, flores e sem aditivos sintéticos, indicada para a cobertura de fios brancos. “O processo substitui a pintura convencional e é indicado para gestantes e alérgicos.” Segundo Cechetto, a pesquisa para o produto custou R$ 600 mil e já gerou uma receita de R$ 750 mil desde que foi lançado, há um ano.
A meta para 2018 é atingir um faturamento de R$ 1,8 milhão e inaugurar mais duas lojas de serviços. Em junho, abriu um espaço, de 300 metros quadrados de área. O Bioma Laces funciona no Shopping Villa-Lobos. Recentemente, a marca fechou um contrato para a abertura de uma unidade de “hair spa” em Belo Horizonte (BH).
Caco Bartsch, CEO da Livo Eyewear, outra marca acelerada pela iniciativa da BRMalls, afirma que a ação é importante porque ajuda a formatar o futuro da relação lojista-shopping. A marca de óculos nunca havia participado de um programa de aceleração. Criada em 2012, oferece itens feitos à mão, com acetato italiano.
A empresa começou no e-commerce e hoje tem seis lojas próprias que distribuem os produtos – quatro são em shoppings do Rio e de São Paulo. A expectativa é crescer 30% neste ano. “Em 2018, vamos acelerar a expansão via franquias”, diz.
Fonte: Valor Econômico