Os números atualizados do setor de shopping center foram divulgados pela Abrasce durante uma coletiva de imprensa, em São Paulo. Os dados fazem parte do Censo Abrasce, pesquisa detalhada sobre o setor, que conta com a participação dos shoppings associados.
Mesmo em meio a um cenário econômico adverso em que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o varejo nacional teve redução de 6,4% no volume de vendas até novembro de 2016, a indústria de shopping centers cresceu 4,3%. “Assim como outros setores, sentimos o impacto da crise, mas mantivemos nossa resiliência, inauguramos 20 empreendimentos e fechamos o ano com 558 shoppings em operação”, ressalta Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Retomada do setor
A área bruta locável (ABL) alcançou os 15,2 milhões de metros quadrados dedicados às lojas e serviços. “O número de lojas também cresceu e somam hoje 99.990 unidades”, comentou a diretora de operações, Adriana Colloca. Os cinemas também cresceram 4,9%, e hoje somam 2.707 salas.
A indústria de shopping centers representa 2,57% do PIB, o que reflete no número de empregos no setor. Em 2016, foram registrados 26.302 novos postos de trabalho, 2,7% a mais que no ano anterior. No total, os shoppings empregam 1.016.428 pessoas.
Em 2016, o setor registrou aumento em vendas de 4,3%, atingindo um faturamento de R$ 157,9 bilhões.
Neste ano, a vacância – dado monitorado constantemente pela associação – assinalou média de 4,6%, pouco acima de 2015, que foi 4,3%. “É uma vacância saudável e administrável”, comentou Humai.
Por concentrar 54% do total de shopping centers, a região Sudeste foi a que mais faturou em 2016, com R$91,9 bilhões – é também a que mais concentra empreendimentos, são 300 unidades. Já o Sul foi a que mais cresceu – as vendas aumentaram 5,84%, nos 93 empreendimentos. “É inegável o potencial econômico do Sul e Sudeste, porém as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste chamam atenção em outros aspectos, como a oferta de empregos e a possibilidade de expansão dos shoppings”, comentou Humai.
Fora das capitais
O movimento de novos empreendimentos fora das capitais tem se intensificado. Em 2016, dos 20 novos shoppings, apenas sete estavam localizados em capitais. Alguns fatores explicam esta procura, diz Humai, como “custos menores de aquisição de terreno e de construção, concorrência menor, e maior facilidade na obtenção de licenças”.
Outro fenômeno recorrente são municípios que recebem o primeiro shopping center. Nos últimos seis anos, 52 cidades debutaram na indústria.
Já para 2017, dos 30 novos shoppings a serem inaugurados, 77% estarão em cidades até 500 mil habitantes. 13 cidades brasileiras receberão seu primeiro shopping, entre elas Três Lagoas, MS; Olinda (PE), Porto Belo (SC), Franco da Rocha (SP) e Votuporanga (SP).
Sobre o frequentador
O Censo Abrasce traz, também, dados do perfil do frequentador de shopping center. Sobre ele: 32 anos é a idade média, e 59% são do sexo feminino, 50% pertence a classe B, 29% à classe C e 21% à classe A. O ticket médio é de R$ 243, e o tempo médio da visita 1 hora e 16 min.
Tendências e perspectivas
Os shoppings continuam sendo porta entrada para operações internacionais e redes de franquias que desejam ampliar sua atuação – na média, 34,5% do mix de um shopping é composto de lojas de franquia. Mais de 21 redes abriram novas unidades em shoppings ou iniciaram operação no Brasil em 2016.
A expansão dos outlets é um dos destaques do Censo Abrasce deste ano. Eles já somam onze unidades no País. Um fator que impulsionou o aumento das vendas neste segmento foi a alta do dólar, que retraiu as viagens ao exterior. “A principal característica desse tipo de shopping é a oferta de preços menores”, comentou Adriana.
Outra tendência da pesquisa é a forte incidência dos complexos multiuso, ou seja, o shopping que possui em sua instalação hotel, centro médico, faculdade, condomínio empresarial e/ou residencial.
Espaços abertos e de convivência, iniciativas de sustentabilidade (como maior eficiência e utilização dos recursos), assim como ferramentas de tecnologia (que permitem o omnichannel), também foram indicados como tendências deste ano.
O que esperar de 2017
A Abrasce estima que o setor termine 2017 com R$ 166 bi em vendas. O número de shoppings também deverá alcançar a marca de 588 unidades. “O Brasil ainda tem oportunidades, regiões com forte desenvolvimento”, comentou.