Por Dow Jones | A chamada “fast fashion” está de volta aos holofotes, graças à varejista de roupas on-line Shein. Será uma tendência ou um sucesso momentâneo? A Shein, que cresceu em um ritmo monstruoso nos últimos anos, é uma empresa de moda rápida apenas on-line com poucos pares de escala semelhante.
No ano passado, a Shein respondeu por 1,7% das vendas do setor de vestuário na América do Norte, tornando-se a quarta maior vendedora de roupas atrás da Nike, Old Navy e Lululemon, de acordo com a Euromonitor. Quando questionados sobre onde comprar roupas de “sair”, entrevistados da geração Z marcaram Shein como sua escolha número 1, e foi a segunda escolha, atrás da Amazon, para millennials, segundo pesquisa da Cowen.
Embora Boohoo Group, ASOS e Fashion Nova ocupem um espaço semelhante, as receitas são apenas uma fração das da Shein, que gerou US$ 23 bilhões no ano passado. As vendas são comparáveis às da H&M, que registrou vendas líquidas de 223,6 bilhões de coroas suecas (US$ 21 bilhões) no ano fiscal encerrado em novembro de 2022 e da Zara, da Inditex, que registrou 23,8 bilhões de euros (US$ 25,5 bilhões) no ano fiscal encerrado em janeiro de 2023.
A empresa, com sua base de fornecedores na China, tem um modelo de teste e escala bem calibrado: produz de 100 a 200 peças de qualquer produto no lançamento e depois aumenta a produção apenas se a demanda for forte, disse um porta-voz da empresa em um comunicado por e-mail. Isso resulta em pouco estoque, o que, por sua vez, ajuda nos resultados.
Do lado da oferta, a empresa extrai eficiências usando um sistema de fabricação digital, que pede que a extensa base de fornecedores compartilhe a capacidade em tempo real e marque os pontos fortes e fracos da categoria, segundo relatório do Boston Consulting Group. Para minimizar os custos, a Shein seleciona tecidos e exige que os designers escolham a partir das opções, observou o relatório.
A moda rápida foi inventada por empresas como a Zara e, em menor grau, a H&M, no final dos anos 1990, quando as empresas pegaram os estilos mais recentes vistos na passarela e trouxeram produtos semelhantes ao mercado, segundo Simon Irwin, analista do Credit Suisse. Para empresas como a Zara, levava cerca de três a quatro semanas para trazer algo como uma simples camiseta do design para as lojas e de seis a oito semanas para algo como uma jaqueta ou um vestido, embora fosse uma parte relativamente pequena das vendas, segundo Irwin.
Mas a categoria caiu em desuso nos últimos anos, à medida que consumidores e investidores se tornaram mais críticos em relação ao impacto no meio ambiente. Até certo ponto, varejistas de baixo preço, como T.J. Maxx, começaram a atender à demanda dos consumidores por designs de passarelas a preços de barganha, disse Simeon Siegel, analista de ações da BMO Capital Markets.
Se o que a Zara fez nos anos 90 foi moda rápida, a versão de Shein é “moda ultrarápida”, disse Irwin. O estoque da Shein leva cerca de 40 dias para ser concluído, metade do que é necessário para a Inditex. A estratégia de retorno rápido vai contra as tendências do setor. Em geral, o giro de estoque das empresas de vestuário aumentou nas últimas duas décadas. Em 2000, por exemplo, o giro de estoque na H&M demorava pouco mais de três meses. No ano passado, demorou mais de quatro meses.
A ascensão meteórica de Shein mostra que moderno e barato têm apelo duradouro. Embora a geração Z se preocupe com a sustentabilidade, ela também valoriza a autoexpressão. E os preços baixos da Shein brilharam ainda mais nos últimos três anos, quando os compradores experimentaram um aumento incomum nos preços das roupas. Compradores e investidores gostam de ver credenciais verdes, mas, se a popularidade de Shein mostrou alguma coisa, é que o dinheiro é mais importante.
Fonte: Valor Econômico