A etapa final do processo de fusão das varejistas Raia e Drogasil, anunciado em 2011, foi concluída com a criação da nova marca corporativa da empresa, RD. Maior rede de farmácias do país, a companhia agora inicia um novo plano de crescimento para os próximos cinco anos. Entre 2011 e 2016, o negócio saltou de 700 lojas e R$ 4 bilhões em vendas brutas para 1,5 mil pontos e R$ 12 bilhões.
A estratégia, a partir de agora, envolve avanços no modelo de prestação de serviços – área que foi explorada no passado por farmácias de bairro e que deverá ser alvo de acirradas disputas por mercado na próxima década. Estão nos planos mudanças no atendimento aos idosos, aprimoramento de sistemas e aplicativos e novos segmentos de atuação, como a aplicação de vacinas.
As iniciativas começam a ser detalhadas após a definição da marca RD, com a assinatura “gente, saúde e bem-estar”. O novo nome foi apresentado ao mercado na semana passada. “Considerando que este é o nosso foco, cuidar de gente, temos que avançar nisso, e um dos caminhos é melhorar a gama de serviços”, diz o presidente do grupo, Marcilio Pousada.
Como parte desse plano, a empresa está mapeando quais unidades podem abrigar uma seção de aplicação de vacinas. A Abrafarma, associação do setor de farmácias, e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão em conversas para regulamentar o serviço. Segundo a IMS Health, o mercado privado de vacinas no país movimenta cerca de R$ 250 milhões ao ano.
Para que possa ser oferecida em todas as lojas do grupo RD, a área de vacinação teria que ocupar um espaço médio de 4 m2. “Se superar essa média, teremos menos lojas com o serviço”, afirma Eugenio De Zagottis, diretor de planejamento corporativo do grupo.
Em lojas com áreas maiores, deve ser reservado também um local específico para o atendimento do farmacêutico ao idoso. Algumas lojas em São Paulo estão testando o formato.
Outro projeto que vem sendo avaliado envolve a reserva de produtos por telefone celular. O sistema está disponível no aplicativo da Raia desde o fim de 2016, mas ainda não está em operação na Drogasil.
Pelo aplicativo, o cliente da Raia reserva, mas não paga a mercadoria. E define em qual loja e quando quer retirar o item. A questão central está em evitar a venda duplicada do produto. “É um serviço que depende basicamente de um sistema, de uma tecnologia que funcione”, diz Zagottis. Segundo ele, a ideia é que também seja possível efetuar o pagamento pelo aplicativo. Zagottis não revela o valor investido no sistema. “Está dentro do Capex [investimento] do ano”.
O planejamento do grupo também tem de considerar mudanças em estudo pelo poder público para o setor. A prefeitura de São Paulo, por exemplo, pretende que a distribuição de medicamentos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) seja feita nas drogarias. A proposta ainda está sob análise. Hoje, as lojas já respondem pelo atendimento do programa Farmácia Popular, do governo federal, que muitas vezes sobrecarrega os sistemas dos pontos de venda e gera filas.
Se a proposta da prefeitura paulistana avançar, serão mais clientes nas lojas – a demanda pelo serviço cresceu 30% em 2016, segundo dados do município – o que pode afetar a qualidade de atendimento e reduzir a área de estoques. “Há uma tendência de concentrarem esses atendimentos no varejo, que tem uma rede ampla. Nós trabalhamos desde o ano passado para que o sistema gere uma nota padrão para a compra, seja pela Farmácia Popular ou não. Isso simplifica o processo e o torna mais rápido”, diz Pousada.
Paralelamente, o grupo RD também trabalha em ajustes no sistema de atendimento da 4Bio, rede de venda de medicamentos especiais (como remédios oncológicos) adquirida em 2015. O objetivo é que o cliente tenha o seu histórico de compras e evolução do tratamento arquivados no banco de dados da rede. Quando o medicamento estiver acabando, o consumidor será avisado pela varejista, para providenciar a reposição. O farmacêutico ainda terá um papel de orientador. O projeto ainda não está plenamente desenvolvido.
Fonte: Valor Econômico