A extensão da oferta de serviços é uma das frentes que amplificam a função do setor
Por Livia Campos
“Cada vez mais, o setor farmacêutico vai caminhar para serviços e ofertas de produtos que vão impactar de maneira positiva a jornada de compras do cliente.” Essa é a projeção de Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma (Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias), para o futuro do varejo farmacêutico no Brasil. Em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News, o dirigente destaca que a busca por facilitar a vida do consumidor continuará a nortear o setor, saindo do “modelo transacional” para o “modelo relacional”, que oferece mais experiências. A extensão da oferta de serviços é uma das frentes que amplificam a função do setor. “A grande força que a farmácia pode ter no Brasil é ser um local acessível”, destaca Sergio.
Transformações Tecnológicas
Segundo o CEO, o varejo farmacêutico tem passado por uma transformação, com a adesão de serviços digitais. Um exemplo é a chamada “telessaúde”, pela qual o paciente consegue fazer consultas médicas online e receber prescrição digital. O serviço já é oferecido por algumas redes de farmácias. “O maior impacto é a farmácia conseguir colocar soluções na mão do cliente, como jornada, histórico de compra, adesão etc. O celular é um instrumento que, hoje, todas as pessoas usam, e a farmácia tem que entrar aí”, ressalta. No entanto, a atuação através do dispositivo deve ir além da criação de um aplicativo. “É fazer o cliente estar integrado com outros sistemas de saúde que acompanham a sua jornada.”
Desafios e Projeções
Um dos desafios enfrentados atualmente pelo setor é a falta de produtos, motivada por fatores como pandemia, falta de insumos da China e, consequentemente, desequilíbrio na produção. Caso o estoque e o armazenamento fossem estabilizados, a projeção de crescimento para as redes associadas era de 20% no ano. No entanto, o cenário atual fez a projeção cair para 17% – mesmo número já registrado no primeiro semestre. Ainda assim, as expectativas para os próximos anos são positivas. “Daqui a pouco, a gente terá mais idosos do que jovens no Brasil. E é a fase em que as pessoas mais precisam de apoio, cuidados e medicamentos. Acredito que toda a nossa geração vai viver muito mais de 100 anos. Temos a ciência, e a farmácia caminha junto nesse avanço. Queremos ajudar as pessoas a viverem mais e viverem bem.”
Integração de Sistemas
Com mais de 9.300 lojas em suas redes associadas, a entidade está trabalhando na regulamentação de propostas como a ampliação do leque de exames e testes rápidos oferecidos pelas farmácias. De acordo com Sergio, apenas os testes para Covid-19 e glicemia são feitos nas lojas. “Existem mais de 40 exames e testes rápidos que podem ser feitos com uma gota de sangue do paciente. Então tem toda uma área de checkups que pode ser explorada”, constata. O CEO apresenta exemplos de outros países, como a Itália, onde o médico passa um Holter 24 horas (exame que registra a atividade elétrica cardíaca durante um dia inteiro) e o paciente pode fazê-lo com um farmacêutico. “Se a gente criasse um sistema que integrasse as farmácias com o governo, por exemplo, pequenos procedimentos poderiam ser feitos sem ter que ir até um hospital”, finaliza.
Fonte: GiroNews