O empresário José Carlos Semenzato, fundador do Instituto Embelleze e sócio da Espaço Laser, abriu a SMZTO Participações em Negócios para estruturar fundos de investimentos dedicados a áreas como saúde, beleza, educação e animais de estimação. Em sete anos, o plano é ter R$ 500 milhões sob a gestão desse braço de investimentos.
O primeiro fundo, fechado no começo do ano, SMZ FIP Multiestratégia, captou R$ 50 milhões de oito sócios, reunindo pessoas físicas, sócios do empresário e capital do próprio Semenzato, por meio do seu “family office”. Cerca de 20% dos recursos foram para a aquisição, concluída em fevereiro, do Instituto Gourmet, escola de gastronomia capixaba com 60 unidades e R$ 40 milhões de receita anual.
“A intenção é ter de 5 a 8 investimentos no fundo, então devemos ‘assinar’ cheques pequenos, de R$ 5 milhões a R$ 15 milhões, para negócios que precisam de algum capital para dar um novo passo em seus projetos”, diz Bruno Semenzato, filho de José Carlos, e que estruturou o projeto do braço de investimentos.
O foco são empresas com lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebtida) de R$ 3 milhões a R$ 7 milhões ao ano.
Bruno diz que uma estrutura de governança foi montada para evitar conflitos de interesses entre as atividades do fundo e da SMTZO Holding de Franquias, fundada por José Carlos há 30 anos. A holding atua nas mesmas áreas em que o fundo irá prospectar ativos. E existirão diferentes acionistas nas duas estruturas.
“Temos acordos de acionistas com os sócios de empresas da holding que definem que não posso ter sociedade nos mesmos segmentos em que já atuo com a SMZTO”, diz o fundador. “Nesse caso, estão incluídas a área de clínicas odontológicas e serviços de depilação a laser. A regra aqui é não ter olho grande, e querer ter tudo, respeitando os acordos”.
Outra mudança se dá na gestão: Semenzato deixou neste ano a diretoria geral da SMZTO, cargo que passou a ser ocupado pelo filho Bruno. O empresário diz que, dessa forma, poderá prospectar ativos para o fundo, sem risco de conflitos. Na SMZTO, José Carlos ficará no conselho de administração. Afirma que Bruno terá autonomia na gestão do dia a dia das franquias. “É algo que já vínhamos construindo, até pensando na perpetuidade da companhia. Bruno traz uma análise mais técnica, que era algo que eu não tinha quando comecei”, diz José Carlos, que aos 13 anos decidiu vender coxinha nas ruas de Lins (SP) para complementar a renda da família.
Aos 18 anos transformou-se em professor de computação e aos 23 anos, no ano de 2010, vendeu a Microlins por R$ 110 milhões ao Grupo Multi, dono da Wizard. O filho Bruno formou-se em Economia e Políticas Públicas em 2015 pela Duke University, de Durham, na Carolina do Norte (EUA).
Sobre a separação dos negócios, Bruno diz que o diretor de investimentos do fundo Renan Brito vai prospectar novos negócios para a SMZ. Um comitê executivo está sendo criado com quatro membros, sendo dois independentes. O braço de investimentos deve ficar na sede da SMZTO. “É uma estrutura pequena, não faria sentido ter isso fora daqui”, diz Bruno.
Já havia circulado informações no setor de franquias que o empresário planejava um primeiro fundo da ordem de R$ 100 milhões. Questionado se o valor ficou abaixo desse teto porque a demanda de investidores foi menor que o esperado, José Carlos Semenzato diz que a ideia era captar entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões. Um segundo fundo deve ser aberto quando o primeiro estiver mais maduro, daqui a dois ou três anos.
No ano passado, a SMZTO, considerando todas as lojas franqueadas, movimentou R$ 2,5 bilhões em vendas, valor 68% maior do que o de 2018. A receita própria da SMZTO, não informada, advém, por exemplo, da cobrança de royalties sobre esse faturamento. A estimativa para 2020 é de R$ 3,4 bilhões, alta de 35%. A meta é encerrar este ano com 2.580 unidades ativas, com expansão de cerca de 40% em relação ao ano passado. A empresa terminou o ano passado com 1.850 unidades ativas, 49% a mais do que em 2018.
Questionado sobre o forte desempenho num período de economia fraca, José Carlos Semenzato diz que a empresa conseguiu compensar as perdas pois atua em segmentos mais resilientes como beleza, saúde e educação, que seguem atraindo franqueados. “Não digo que foi tudo uma maravilha porque não vivo numa ilha. Tivemos perdas em restaurantes na crise, mas é um negócio muito pequeno para nós, que no bolo total, acaba sendo absorvido”.
Segundo o empresário, o valor da companhia está entre R$ 670 milhões e R$ 700 milhões.
Fonte: Valor Econômico