O varejista também está precisando usar estratégia para estoque mais antigo, segundo a economista da CNC
Por Raquel Brandão
As promoções da semana do Dia do Consumidor ganharam destaque em sites de diversas varejistas e mesmo em lojas físicas, mas a data não deve ser o fôlego extra que o comércio precisa para reaquecer as vendas, de acordo com economistas.
“Independentemente da promoção que vem agora é muito difícil o comércio alavancar venda em espaço curto de tempo e em uma data que não tem grande relevância”, diz a economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Izis Ferreira, observando que a perspectiva de crescimento do varejo no ano passou de 0,9% para 0,5%.
De acordo com Izis, o objetivo principal é atrair o consumidor para o ponto de venda nesse momento de consumo enfraquecido pelo ambiente inflacionário, o endividamento da famílias e indicadores de emprego ainda ruins.
“Essa comemoração do Dia do Consumidor é uma tentativa de chamar atenção, fazendo promoções com itens que estão há mais tempo nos estoques, embora os varejistas estejam trabalhando com estoques mais ajustados. Não é promoção que vai trazer novidades.”
A visão é compartilhada por Guilherme Dietze, economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). “Varejistas estão com dificuldade muito grande com o estoque e para repassar desconto ao consumidor, já que muito produto subiu de preço”, avalia.
O varejista também está precisando usar estratégia para estoque mais antigo, segundo a economista da CNC. “Sua margem também está muito achatada. Então, não deve ter nada com preço muito favorável nesse momento”, afirma Izis.
Já no lado do consumidor, Dietze, da FecomercioSP, acrescenta que a inflação é um fator preponderante para o consumo e também lembra que o juro básico elevado tem dificultado o acesso ao crédito, o que também esfria as chances de crescimento de vendas. “Cenário aquém do que se esperava para esse momento do ano. A renda média do brasileiro é a menor desde 2012 e isso o comércio sente na ponta.”
Embora a FecomercioSP não trabalhe com projeção, Dietze diz que a expectativa é de que o comércio termine o ano no “zero a zero”, com alguns setores crescendo apenas porque a base de comparação é favorável. É o caso do setor de vestuário, cujas vendas ainda foram muito fracas em 2021 devido às restrições da pandemia.
Fonte: Valor Investe