Nesta entrevista a SM, o superintendente Edson Savegnago, o Chalim, explica por que a empresa decidiu avançar com os planos de inaugurações e conta quais serão os próximos passos.
A conversa foi interrompida algumas vezes para que Edson Savegnago, o Chalim, superintendente do Savegnago Supermercados, atendesse o celular, que não parava de tocar. O supermercadista concedeu entrevista exclusiva ao Portal SM na semana passada, quando a rede paulista, fundada por seu pai Aparecido Savegnago, completava 40 anos. As interrupções são compreensíveis, já que dali a alguns dias familiares, amigos, clientes e fornecedores participariam de uma grande festa de aniversário na cidade de Sertãozinho, interior de São Paulo, onde a empresa nasceu, em 1976. Chalim tinha 17 anos quando começou a trabalhar na primeira loja ao lado dos irmãos José Carlos Savegnago e Antônio Aparecido Savegnago.
Nesta entrevista à SM, Chalim afirmou estar otimista com o setor de supermercados. Explicou por que a rede decidiu manter os planos de expansão, mesmo diante da crise econômica. Entre junho e agosto, foram abertas quatro lojas nas cidades de Barretos, São Carlos, Rio Claro e Ribeirão Preto. O empresário também explicou que a expectativa da rede é elevar em 20% o faturamento neste ano, alcançando R$ 2,5 bilhões. Chalim revelou ainda planos para o ano que vem. Confira:
De junho a agosto deste ano, a rede Savegnago inaugurou quatro lojas, indo na contra mão da crise. Abrir filiais é o melhor caminho em tempos difíceis?
As inaugurações já eram previstas no plano de expansão da rede, traçado em 2014/2015. O Brasil foi surpreendido por uma crise política no início do ano passado. Diante disso, tínhamos duas opções: engavetar os projetos ou avançar. Decidimos ir em frente porque a empresa tinha condições financeiras. Nosso objetivo é gerar negócios, criar empregos na construção das lojas, nas indústrias de equipamentos e em vários segmentos da economia, principalmente no nosso setor, o de supermercados. Com essas quatro lojas, contratamos 850 colaboradores. Também construímos um novo centro administrativo aqui em Sertãozinho (SP), onde fica a sede. Ele foi inaugurado no último dia 31 de agosto.
De onde vêm os recursos para esses investimentos?
Das quatro lojas, somente uma foi levantada em terreno próprio. As outras tiveram o prédio construído por investidores. Sobre os equipamentos, fizemos leasing. Quanto à operação das lojas, tínhamos fluxo financeiro para operá-las. O importante é que não estamos crescendo com dívidas.
Com a crise enfrentada pelo País, foi preciso reduzir custos? O que foi feito?
Houve queda de margem, pois, embora tenha o cliente continuado comprando, ele optou pelo básico. Com isso, as vendas dos produtos de valor agregado caíram. Acompanhamos essa realidade, que teve impacto na rentabilidade. Isso nos levou a ajustes internos, mas nada tão significativo. Reduzimos um pouco as compras de itens de maior valor agregado, porém sem comprometer o resultado. Também não tivemos problemas de estoque. Enfrentar a crise é como sair de carro em noite de chuva. Você continua dirigindo, mas tem de prestar mais atenção.
Como o senhor acha que ficará a situação econômica do País?
Não tenho bola de cristal (risos). Mas creio que a situação vai melhorar. É preciso ter pensamento positivo, empolgar a equipe e seguir em frente. Para aqueles 850 funcionários contratadas para as quatro novas lojas, a crise já acabou. Eles estavam desempregados e agora têm um trabalho.
Para o segundo semestre haverá abertura de mais lojas?
Não. Terminaremos este ano com essas 37 lojas. O que vamos fazer nos próximos seis meses é reformar e modernizar, inclusive com novos equipamentos, a loja número quatro de Sertãozinho.
Quais são os planos da rede para 2017?
No final do primeiro semestre, vamos abrir duas lojas na cidade de Piracicaba e mais duas em Limeira.
A rede iniciou as vendas de alimentos pela internet. Entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, o faturamento aumentou 241%, com o tíquete médio atingindo R$ 300 contra R$ 70 faturados em loja. A que o senhor atribui esse resultado?
Crescemos muito porque existia uma base pequena. Estamos trabalhando o e-commerce para alcançar, nos próximos três anos, o mesmo valor de vendas médias de uma loja física. Nossos clientes estão gostando e voltam a comprar pelo site. O acesso é alto. As pessoas olham, consultam preço. Por isso, mantemos tudo atualizado. Estamos dando uma referência para o consumidor, garantindo a segurança de entrega. É um canal muito importante para a imagem da empresa. O cliente gosta que a rede seja moderna, atual. Mesmo que não use, ele sabe que o site existe. Isso também favorece a loja física. Constatamos que boa parte de quem usa o e-commerce, visita uma filial depois. Ou seja, indiretamente o e-commerce ajuda a vender nas lojas físicas. Recentemente, iniciamos a versão mobile e não vamos parar de investir em tecnologia. A operação ainda não se paga. Mas é uma aposta que estamos fazendo. Estamos plantando uma sementinha, regando todos os dias. E depois colheremos os frutos.
Em janeiro, a rede implantou o self checkout em duas lojas. O consumidor aprovou?
Sim, o cliente está gostando e nós também, porque diminui filas. Sem falar que o consumidor tem a sensação de que confiamos nele. Queremos que o cliente fique à vontade. Nas quatro unidades inauguradas este ano, também colocamos self checkout. E vamos implantar em outras também.
A rede faturou R$ 2,1 bilhões em 2015. Qual é a projeção para este ano?
Queremos crescer 20% e chegar aos R$ 2,5 bilhões. Alcançaremos essa meta devido às novas lojas, mas também cresceremos nas filiais abertas há mais de um ano.