A rede de livrarias Saraiva vem tentando vender o seu domínio do site há alguns meses e buscou interessados, mas parte das grandes redes do setor preferiu não avançar numa negociação, segundo duas fontes ouvidas. A ideia é obter recursos para pagar credores – a empresa está em recuperação judicial desde setembro de 2019, quando o pedido foi homologado pela Justiça.
O Valor apurou que representantes da empresa contataram Magazine Luiza, Mercado Livre, Via Varejo, B2W e Amazon para informar que está aberta para negociação. Magazine, Amazon e Mercado Livre preferiram não avançar numa conversa, segundo as fontes ouvidas. Na operação do site está incluída a base de clientes ativos, as informações de perfil de consumo de consumidores e o estoque disponível, mas este último é menos relevante para os compradores, visto que a rede opera com volume estocado muito baixo após as dificuldades financeiras.
Amazon e Magazine Luiza, que é dona da Estante Virtual, construíram operações on-line com foco na venda de livros e itens de papelaria. Na Amazon, líder desse setor no país após a crise vivida pela Saraiva e Livraria Cultura, o negócio está mais consolidado, com sistema de tecnologia e dados mais maduros. Por isso, a compra de um novo domínio acaba não sendo prioridade, apurou o Valor.
A venda da Editora Saraiva para a Somos Educação citava no contrato a necessidade de a Somos (atualmente, parte do grupo Cogna) dar aos controladores da Saraiva o aval para a venda da marca da rede. Seria uma forma da compradora ter algum controle sobre o uso do nome Saraiva, também parte de seus ativos, e presente em suas ações comerciais.
No início da recuperação judicial, Saraiva e Somos tiveram alguns desentendimentos. A Somos é credora da Saraiva. No pedido de recuperação enviado à Justiça, a Saraiva creditava à empresa de educação parte das dificuldades enfrentadas – argumento do qual a Somos discordava. Na petição, a Saraiva dizia que a empresa, a quem chama de seu mais importante parceiro comercial, descumpria contratos. “Tem um imbróglio entre eles que precisa ser resolvido, o que atrapalha a venda da marca da rede física”, diz uma fonte.
No último dia 15, houve assembleia geral de credores para debater o atual plano de recuperação, mas não houve votação, e o plano deve passar por ajustes e nova assembleia no dia 24 de novembro.
Uma nova versão do plano deverá ser apresentada aos credores até 16 de novembro para que as editoras tenham tempo de analisá-lo antes da data. Pela proposta atual, que deve voltar ao debate, a Saraiva dividiu seus ativos em unidades para a venda (chamadas “UPIs”) formadas pelo site e pelos contratos de locação das lojas.
A Justiça de São Paulo já autorizou semanas atrás a venda de equipamentos de lojas da Saraiva para a Via Varejo, mas não há negociação envolvendo outros ativos de maior peso hoje para o grupo, como eventualmente os ponto físicos, apurou o Valor. A maioria das lojas da Saraiva são locações em shopping centers.
Fonte: Valor Econômico