Por Marcelo Satake | A Saraiva, centenária rede de livrarias que já foi a maior do Brasil, entrou com pedido de autofalência na 2ª Vara de Falências e Recuperações da Justiça de São Paulo neste início de noite de quarta-feira (4).
Na petição apresentada pelo TWZ Advogados (Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil), escritório que representa a Saraiva, e obtida pela Bloomberg Línea, são apresentadas as alegações da companhia para o pedido, um reconhecimento de que não tem mais condições de continuar a operar.
“A Saraiva encontra-se atualmente em uma grave (e insanável) crise econômico-financeira e não tem mais qualquer possibilidade de dar prosseguimento à sua atividade empresarial”, diz a empresa na petição.
“Por mais que tenha reunido as condições necessárias para pleitear a sua recuperação judicial, como o fez há 5 (cinco) anos, no final de 2018, a situação é, hoje, ainda mais delicada, não havendo mais alternativa senão o requerimento de sua própria falência, para a liquidação da empresa e o pagamento de seus credores”, completou a Saraiva no documento.
Com o pedido apresentado, caberá ao juiz responsável da 2ª Vara de Falências e Recuperações de São Paulo a decisão pela decretação da falência, o que poderá ocorrer nos próximos dias. A empresa é controlada pela família fundadora, tendo Jorge Saraiva Neto, ex-CEO, como principal acionista.
É uma situação distinta à da Livraria Cultura, que teve recentemente a falência decretada a pedido de um credor, mas obteve posteriormente um efeito suspensivo da decisão para continuar a operar.
Se a falência da Saraiva (SLED4) for decretada, caberá ao administrador judicial fazer o levantamento dos ativos remanescentes da massa falida para venda e pagamento do que for possível aos credores.
A própria Saraiva descreve na petição que os ativos remanescentes não são suficientes para o pagamento da dívida que superava a casa de R$ 20 milhões segundo seu último resultado apresentado.
“Resta, agora, apenas as operações de revenda de livros, por meio do seu e-commerce e da plataforma de terceiros (marketplace out) – o que, porém, não será suficiente para gerar caixa para a manutenção da atividade, tampouco para fazer frente ao pagamento de suas dívidas.”
Com o pedido de autofalência e o fracasso de fato do plano de recuperação judicial (RJ), a dívida deverá voltar ao patamar original, que era de R$ 675 milhões por ocasião do pedido de RJ há cinco anos.
A empresa lembra que, há menos de dez anos, chegou a ter mais de cem lojas físicas nos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal. Com o agravamento de sua crise nos últimos meses, devolveu o imóvel de sua sede em agosto e fechou as cinco lojas remanescentes em meados de setembro, ocasião em que também desligou os funcionários que restavam.
Fonte: Bloomberg Línea