Proposta prevê pagamento de parte de dívida com ações a credores sem garantia. Aprovação destrava processo junto a essa classe de credores
Por Adriana Mattos, Flávya Pereira e Felipe Laurence
A Saraiva, em recuperação judicial, confirmou nesta noite que seus credores aprovaram hoje à tarde o segundo aditivo ao plano de recuperação judicial, encerrando a pendência final que impedia que o caso avançasse juntos aos credores sem garantia.
O Banco do Brasil vendeu a dívida de R$ 119 milhões junto à Saraiva, com a Travessia Securitizadora adquirindo os créditos do banco. Com isso, ela passa a ser a principal credora da rede de livrarias.
A Travessia votou a favor do plano, que será submetido à homologação ao juízo da justiça do Rio de Janeiro. Na semana passada, a Saraiva recebeu proposta da securitizadora pelas unidades produtivas isoladas (UPI) Loja Shopping Ibirapuera e uma que abarca os direitos creditórios da companhia.
A proposta aprovada hoje é transformar parte da dívida em ações da Saraiva. Os papéis da Saraiva fecharam em forte alta na sessão, com os ordinários disparando 26,2%, pouco acima de R$ 16 e os preferenciais tendo ganhos de 13,44%, a R$ 8,78.
No documento, a companhia explica que o plano prevê a realização de medidas que reestruturem as dívidas dos credores, a geração de fluxo de caixa operacional necessário ao pagamento da dívida e a geração de recursos necessários para a continuidade das atividades das recuperandas, dimensionadas à nova realidade da Saraiva, após os impactos da pandemia de covid-19.
A rede de livrarias pediu recuperação judicial em 2018 e as dívidas somam R$ 636 milhões.
Mudanças no plano
Pela versão anterior do plano, a empresa buscava levantar, no mínimo, R$ 90 milhões com a venda do seu domínio na internet ou R$ 113,5 milhões com a venda de lojas físicas, mas o projeto não teve interessados e, por isso, foi preciso fazer ajustes na proposta e por um aditivo para votação em assembleia.
A rede buscava aprovar os ajustes desde novembro de 2021, mas havia credores contra a mudança, especialmente o BB, com parcela representativa da dívida.
A principal alteração envolve a primeira opção de pagamento aos credores sem garantia (o que inclui a maioria das editoras).
Ela previa quitar 20% da dívida com recursos oriundos da venda dos ativos e a outra opção determinava o escalonamento dos pagamentos (sem deságio) até 2048, com parcelas trimestrais a serem pagas após 2026.
Como não vendeu os ativos, a primeira opção não é mais válida. Na proposta atual, e agora aprovada, os credores sem garantia receberão esses valores (20% da dívida) em ações da companhia.
Não houve mudanças para os que optaram pelo pagamento escalonado da dívida.
Fonte: Valor Econômico