Em meio a uma briga societária, acionistas controladores da Saraiva autorizaram, em assembleia realizada nesta segunda-feira, que a empresa entre com ação de responsabilidade contra dois conselheiros que representavam os minoritários: o coreano Mu Hak You, presidente da gestora GWI, e Ana Maria Loureiro Recart, advogada ligada a ele e que ocupava uma cadeira no Conselho Fiscal. Com a decisão, ambos foram imediatamente afastados do cargo.
Os acionistas controladores entendem que Mu e Ana faltaram com o dever de lealdade e de diligência, previstos na Lei das S.A., por supostos crimes de manipulação do mercado, informação privilegiada e até violação de propriedade. Infrações que Mu e Ana negam ter cometido. A assembleia havia sido convocada justamente para votar a destituição desses conselheiros.
Segundo uma fonte que acompanhou a assembleia, porém, a destituição de Mu e Ana não chegou a ser votada de fato, pois o afastamento é automático em caso de autorização de ação de responsabilidade. Quase 94% dos acionistas ordinários (que têm ações com direito a voto) presentes aprovaram a possibilidade de a empresa entrar com ação contra Mu e Ana, segundo ata encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Filho substituirá coreano
Não está certo que a Saraiva vai acionar os conselheiros. O que a assembleia fez foi dar carta branca à empresa, caso ela queira seguir com essa disputa. Se a livraria decidir ajuizar ação contra Mu e Ana, isso será feito em uma câmara de arbitragem da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), foro geralmente eleito para resolução de conflitos societários.
Com a saída de Ana, seu suplente assumirá o seu lugar. No caso de Mu, quem o substituirá será seu filho, Thiado Hi Joon You. Ele foi eleito nesta segunda-feira com votos da GWI, presidida pelo pai. Segundo uma fonte, a eleição é passível de questionamento pois, a GWI seria solidária numa eventual ação contra Mu.
Procurada, a GWI não fez comentários. O advogado da Saraiva, Walfrido Warde Junior, disse que “a assembleia cumpriu rigorosamente a lei e as orientações da CVM”.