Por Daniele Madureira | As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro devem ser os primeiros destinos contemplados com lojas da varejista de moda sueca H&M, segundo apurou a Folha junto a fontes do setor de varejo. De acordo com esses interlocutores, a chegada será em shopping centers das capitais, o que levou a multinacional a negociar neste primeiro momento com Multiplan, Aliansce e Iguatemi. A princípio, devem ser abertas entre seis e oito lojas.
Questionada pela Folha, a H&M respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que “o plano é entrar inicialmente nas principais cidades do Sudeste do Brasil” em 2025. “Estamos ansiosos para levar o conceito de moda, qualidade e sustentabilidade da H&M ao melhor preço para muitos clientes no país”, respondeu a empresa, em nota, lembrando que também pretende lançar a operação de vendas online no Brasil.
De acordo com as fontes, a multinacional já sondou o Brasil diversas vezes, mas agora o desembarque no país é certo e as conversas com empresas do setor de shopping centers se intensificaram nos últimos três meses. Em São Paulo, a H&M teria especial interesse em shoppings como JK Iguatemi, Morumbi e Anália Franco.
Representantes da H&M já vieram pessoalmente ao Brasil tratar da abertura das lojas, mas as negociações estão sendo conduzidas por um terceiro, o Grupo Dorben, que representa a marca na América Central. No Brasil, o Dorben opera a loja da grife Jimmy Choo, famosa pelos sapatos de luxo, além de lojas das grifes Michael Kors, Tod’s e Tory Burch.
O grupo Iguatemi confirmou as negociações com a H&M. Procurados, Aliansce não quis comentar e Multiplan não respondeu até a publicação deste texto.
De acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, a multinacional estaria um tanto receosa quanto ao andamento da Reforma Tributária e teme perda de competitividade para rivais estrangeiros, com a adoção do Remessa Conforme, que zera a alíquota de 60% do imposto federal de importação nas compras até US$ 50 (R$ 239).
Também estão analisando pontos críticos de uma operação de importação, como o tempo para liberação das mercadorias.
A H&M chega ao Brasil em um momento em que a Shein, gigante asiática do varejo online, está tomando o lugar de varejistas nacionais consolidadas, como a Marisa.
No ano passado, segundo estimativas do banco de investimentos BTG Pactual, a Shein faturou nada menos que R$ 7 bilhões –um salto de 250% sobre os R$ 2 bilhões registrados em 2021, de acordo com o BTG.
Por outro lado, a receita bruta da Guararapes (dona da Riachuelo) atingiu R$ 8,6 bilhões, e a da C&A somou R$ 8,2 bilhões. Em 2022, Renner continuou líder com folga: receita bruta de R$ 15,9 bilhões. Mas a Marisa, com vendas de R$ 3,2 bilhões, já foi superada pela asiática, de acordo com as estimativas do banco.
Questionada a respeito da concorrência acirrada no mercado brasileiro de vestuário, a H&M afirmou à Folha que no país “existem bons concorrentes locais e internacionais”. “Mas estamos confiantes de que nossa oferta e ideia de negócio terão forte ressonância com o cliente brasileiro, assim como em todos os outros mercados em que entramos na região”, disse, em nota.
Fundada em 1947 em Vasteras, a H&M registrou no ano passado vendas líquidas de 224 bilhões de coroas suecas (R$ 102 bilhões). São cerca de 4.400 lojas em 77 países, além da operação online em 60 mercados.
A empresa procura adotar bons índices de governança. Ao final de 2022, três quartos das posições em cargos de liderança eram de mulheres. Além disso, mais de 80% dos produtos vendidos foram feitos com materiais de origem mais sustentável ou reciclados.
Fonte: Folha de S. Paulo