A queda do consumo na pandemia foi mais acentuada e a recuperação tem sido mais lenta para os brasileiros pertencentes ao grupo de renda mais alta, quando comparado ao quartil mais baixo da população, aponta o Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação de setembro.
A autoridade monetária encontrou ainda evidências de que a queda no consumo da parcela mais rica está correlacionada com a severidade local da pandemia.
“Considerando que a renda média do primeiro quartil neste exercício é R$ 946, é provável que a atenuação da queda do consumo nesse grupo esteja associada ao auxílio emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade”, afirma o BC, destacando que os resultados corroboram evidências apresentadas no seu Boletim Regional de julho, quando avaliou gastos com cartão de débito para municípios de diferentes faixas de renda.
Para tentar entender o comportamento do consumo das famílias nos próximos meses, o BC analisou o consumo da faixa de renda mais alta para dois grupos de unidades da federação. O primeiro inclui Amazonas, Pará, Ceará e Pernambuco, estados que apresentaram pico pronunciado na média diária de óbitos, por data de divulgação, entre maio e junho, com expressiva queda desse índice nos meses seguintes, diz o BC.
O segundo grupo é composto por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e o Distrito Federal, unidades da federação ainda sem pico definido e com trajetórias estáveis ou crescentes para essa variável nos últimos meses, observa o relatório.
“A queda dos gastos no primeiro grupo de Estados foi mais acentuada em abril e maio, período de maior impacto da covid-19 nas unidades que compõem esse grupo. Posteriormente, contudo, o consumo nesses Estados se aproxima mais rapidamente do patamar pré-crise, caracterizando a correlação negativa entre a recuperação do consumo e a intensidade da pandemia”, conclui o relatório.
Fonte: Valor Invest