A Guararapes, dona da varejista de moda Riachuelo, espera uma melhora no desempenho em 2018, com vendas mais fortes do que no ano passado e leve aumento no ritmo de abertura de lojas. A tendência positiva deve se acentuar em 2019, quando a rede estima voltar ao patamar de 30 a 40 inaugurações por ano, que mantinha antes da recessão.
Em teleconferência para analistas de mercado e investidores, Tulio Queiroz, diretor financeiro da Guararapes, disse que, este ano, espera abrir lojas em um nível “um pouco acima” das 12 unidades abertas em 2017. “Em 2018, a companhia vai se concentrar mais na reforma de lojas. Estamos muito satisfeitos com a performance das lojas após as reformas”, afirmou.
Em 2017, a Guararapes aumentou os investimentos em 38,7%, para R$ 246,8 milhões. Desse valor, R$ 54,3 milhões foram investidos em novas lojas e R$ 53,3 milhões foram aplicados em remodelações. A reforma permitiu a apresentação de mais itens e abriu espaço para celulares e perfumaria.
A companhia pretende ampliar a oferta de perfumaria e celulares para todas as 302 lojas do grupo. “O negócio de perfumaria começou em 2017 com 5 lojas e terminou com 199 lojas. O projeto ainda está no começo”, disse Queiroz. Segundo o executivo, o negócio de celulares já representa de 5% a 6% da receita da Guararapes no ano.
Ele acrescentou que a tendência da companhia é retomar em 2019 o ritmo de abertura de lojas observado antes da recessão econômica, de 30 a 40 unidades por ano. “O ano começou bastante forte e nos deixa otimistas para 2018 como um todo. Olhando os indicadores macroeconômicos, todo o horizonte é favorável”, afirmou Queiroz. O executivo acrescentou que as vendas no primeiro trimestre estão mais fortes do que no mesmo intervalo de 2017.
O diretor também espera uma redução na inadimplência do Cartão Riachuelo de 7,9%, no quarto trimestre de 2017, para 6,8% até junho. “Os volumes de operações estão aumentando, mas com grande controle do nível de risco. A expectativa é de uma retomada dos volumes de crédito, com nível de perdas bastante controlado”, disse.
Queiroz destacou ainda o aumento de 184% nas outras receitas operacionais, para R$ 188,5 milhões. O aumento foi resultado da recuperação de PIS Cofins cobrado sobre outras receitas; de PIS Cofins na região da Zona Franca de Manaus; e à reversão de provisão relativa ao ICMS na base de cálculo de PIS Cofins. Parte desses ganhos devem se repetir no balanço da companhia neste ano, segundo ele.
Os ganhos com tributos ajudaram a companhia a fechar 2017 com um avanço de 79,6% no lucro líquido, para R$ 570,3 milhões. A receita líquida no ano cresceu 8,8%, para R$ 6,4 bilhões.
Investidores questionaram a ausência de Flávio Rocha, presidente da Guararapes, na teleconferência. O nome de Rocha vem sendo cogitado para compor uma possível chapa nas eleições presidenciais deste ano. Em 5 de março, Rocha liderou em Nova York o lançamento do movimento “Brasil 200”, que defende ideais liberais para a economia brasileira.
Desde então, o executivo tem viajado por todo o país para defender sua visão econômica. Newton Rocha, vice-presidente da companhia e tio de Flávio Rocha, disse que a ausência do executivo da empresa é provisória.
“O Flávio, com outros amigos, lançou o movimento Brasil 200. Está combinado com o conselho, ele tem se ausentado da companhia parcialmente para se dedicar a esse movimento”, disse Newton Rocha, que raramente se pronuncia nas teleconferências. Ele acrescentou que o Flavio continua participando das principais decisões da empresa. “É normal que esses movimentos, no início, exijam mais a presença dos seus autores. Com o passar do tempo, a demanda por ele deve diminuir e ele estará mais presente na companhia.”
Fonte: Valor Econômico