Segundo a Guararapes, o cliente “phygital” (aquele que une as experiências no canal físico e on-line) gasta duas vezes mais do que outros perfis e já representa 18% do faturamento
Por Raquel Brandão
De olho na integração multicanal, o grupo Guararapes, dono da varejista de moda Riachuelo, diz que cada vez mais suas lojas físicas estarão conectadas com as plataformas digitais. Por isso, fatia importante investimento deste ano irá para reformar lojas, disse hoje o presidente do grupo, Oswaldo Nunes.
“Parte relevante do capex para 2022 será para retrofit de lojas, para aumentar lojas com aderência à nova proposta, em linha com projeção de aumentar venda e lucro por metro quadrado em praças que já estamos”, disse o executivo em teleconferência de resultados.
Ao Valor, Nunes disse que a expansão física segue em 2022. “Canal físico é importante para a ominicanalidade, para aumentar o nível de consciência.” De acordo com o diretor financeiro, Tulio Queiroz, a empresa deve manter patamares de aberturas observados em 2021, quando abriu 21 lojas Carter’s, 10 Riachuelo e 7 Casa Riachuelo.
A perspectiva tem a ver com indicadores de comportamento do consumidor que a companhia monitora. Segundo a Guararapes, o cliente “phygital” (aquele que une as experiências no canal físico e on-line) gasta duas vezes mais do que outros perfis e já representa 18% do faturamento. Esse cliente também faz compras com maior recorrência. Hoje, diz a empresa, são pelo menos 30 milhões de clientes “phygital”.
Por isso, a empresa decidiu instituir os indicadores de NPS (que mede a satisfação do cliente) como meta corporativa dos executivos da empresa. No último trimestre, o NPS do varejo on-line chegou a 58, da Riachuelo e da Casa Riachuelo, a 87, e da Carter’s, a 93.
Margem bruta
A inflação pressionou a margem bruta da Guararapes no quarto trimestre de 2021. Em janeiro e fevereiro, porém, a companhia retomou os níveis de 2019, segundo Nunes. Essa melhora vem puxada por um indicador de vendas em mesmas lojas.
O impacto da margem de outubro a dezembro veio principalmente do aumento de horas extras e do efeito da Black Friday.
“A margem bruta no quarto trimestre saiu um pouco do eixo”, disse Nunes, destacando que, embora o evento de ação promocional tenha uma pressão natural vinda do portfólio de eletrônicos, a operação da Riachuelo teve a rentabilidade pressionada por todas as categorias. “Mais afetado por inflação, o cliente antecipou compras na Black Friday. O lado positivo é que não precisamos fazer tanta promoção em janeiro, porque estoques viraram mais saudáveis.”
São justamente os estoques que a empresa aponta como principal eixo para ganhos de eficiência em 2022, já que as cadeias de suprimentos estão ainda mais sufocadas.
Embora veja o cenário macroeconômico como desafiador, a administração da companhia está otimista de que o ano vai ter melhor resultado.
“Bancar inflação com apenas produtividade é difícil, temos que repassar e ajustar níveis de estoque. Mas mais qualidade e percepção de valor minimizam impacto de aumento de preço”, diz Nunes. “E o ambiente favorece negócios como o nosso de ganhar mercado; os pequenos sofrem mais”, acrescentou.
Fonte: Valor Econômico