Modalidade de entrega foi escolhida por 16% dos consumidores dos sites do Grupo Pão de Açúcar em dezembro. Aumento nos custos de logística levou varejistas a oferecer gratuidade na opção
Após os custos com frete aumentarem significativamente no ano passado, lojas eletrônicas passaram a estudar alternativas para economizar com a logística. Uma delas foi oferecer ao consumidor a opção de retirar os produtos em locais predeterminados, em troca da gratuidade na entrega.
Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), os gastos dos comerciantes com logística eram de 62,6% de toda a sua receita em 2015, enquanto em 2013 eram de 58%.
Para o presidente da entidade, Maurício Salvador, a opção de pagar o envio do produto se tornou insustentável para o vendedor, seja ele grande ou pequeno.
“Aumentou demais e os sites tiveram de passar a cobrar pelo serviço. Os prazos também tiveram de aumentar por conta da qualidade da entrega, que caiu”, alerta.
De acordo com um levantamento da ABComm, se há três anos 15% de todo o comércio eletrônico brasileiro oferecia frete grátis, hoje são apenas 10%.
Em contrapartida, 57,8% dos comerciantes cobram do cliente os gastos com envio. Em 2013, o índice era 55%. A ABComm acredita que o resultado possa significar um sinal de maturidade do mercado eletrônico nacional, que começa a se mostrar nas estratégias de logística. “Espremidas pelos custos mais elevados, aumenta o número de lojas virtuais que repassam ou dividem o custo do frete com os clientes”, diz a entidade.
Ainda segundo a pesquisa, o percentual de lojas eletrônicas que ofereciam frete gratuito em produtos que custam entre R$ 1 e R$ 100 caiu pela metade. Em 2013, 46% não cobravam o custo dos clientes. Já no ano passado, foram apenas 26%.
De olho na economia de custos, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) passou a oferecer para o consumidor a opção da retirada dos produtos adquiridos via internet serem realizadas em uma das lojas físicas da rede. O serviço é feito pela companhia Cnova, uma das subsidiárias do grupo Casino.
Rio-São Paulo
Colocado em prática no início do ano passado, o índice de compras nessa modalidade passou de 1%, em janeiro de 2015, para 16%, em dezembro do mesmo ano, considerando apenas as operações em São Paulo e Rio de Janeiro. “Acreditamos esse serviço apresenta forte potencial de crescimento por atender a um novo comportamento do consumidor, que está com o tempo cada vez mais escasso para esperar a entrega do pedido em casa”, explica diretor de operações e logística da Cnova, Alexandre Westphalen.
Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o tempo médio de entrega das compras efetuadas via internet subiu de três dias, em 2013, para quatro dias, no ano passado, de acordo com a ABComm.
Batizado de “retira fácil”, o serviço da Cnova chegou a registrar 30 mil pedidos, em média, por mês em 2015. Atualmente, mais de 1,3 mil lojas do Grupo Pão de Açúcar – entre elas as bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio – já oferecem atualmente essa modalidade.
“Após consolidar a cultura de comprar pela internet e retirar na loja física, trabalhamos para expandir ainda mais esse serviço, ao longo do ano, em diferentes regiões do Brasil”, comenta Westphalen.
Tendência
Salvador, da ABComm, acredita que o modelo de retirada direta pelo consumidor é uma tendência global já praticada em mercados como os Estados Unidos e Europa. “Quando o consumidor começar a ver a vantagem em termos de preço, ele vai optar por retirar o produto”, opina.
A Amazon, por exemplo, trabalha no território norte-americano com os parcel shops. Sem custos para o consumidor, a companhia oferece a opção do cliente retirar o produto adquirido em uma loja parceira, que pode ser até mesmo uma padaria perto de casa.
“Do ponto de vista da loja é muito interessante porque ela tem sempre a mesma roteirização de entregas, já sabe que serão aqueles mesmos pontos de parada para o entregador. Facilita e diminui os custos”, explica Salvador. “O retorno para as lojas parcerias é o fluxo gerado pelo cliente que vai até o local retirar o produto”, continua. Além disso, o presidente da ABComm diz que os prazos de entrega diminuíram, já que a logística da Amazon passou a ter traçados pré-determinados por conta das parcel shops.
“É uma questão de tempo para pegar no Brasil”, afirma.
Fonte: DCI