A Restoque, dona de marcas como Le Lis Blanc, Dudalina, Bo.Bô, John John e Rosa Chá, espera melhorias em seus resultados financeiros em 2018, com ajustes nas lojas e ganhos fiscais. Esses ganhos fiscais virão principalmente da amortização do ágio relativo à compra da Dudalina em 2014, e de benefícios tributários decorrentes da instalação de uma fábrica e de um centro de distribuição neste ano em Goiás.
Em reunião da Apimec com investidores, Livinston Bauermeister, presidente da Restoque, disse que estima obter uma amortização de ágio em torno de R$ 550 milhões, com a conclusão da integração da Restoque com a Dudalina, prevista para ocorrer amanhã. “Com a incorporação da Dudalina na Restoque, é possível obter uma amortização equivalente a 34% do valor do ágio, que foi de R$ 1,6 bilhão”, afirmou Bauermeister.
A fusão das empresas, anunciada em 2014, foi avaliada à época em R$ 1,75 bilhão. Ao deixar o Refis, a Dudalina seria incorporada à Restoque para que a empresa resultante pudesse abater o ágio da aquisição do Imposto de Renda (IR) a pagar.
O executivo estima que a companhia poderá amortizar esse valor no prazo de seis anos e meio, começando em 2018.
A Restoque também espera para o próximo ano um benefício fiscal entre R$ 40 milhões e R$ 60 milhões, graças à instalação de uma fábrica e um centro de distribuição em Goiás. Esse benefício fiscal será reconhecido ao longo dos trimestres de 2018, disse Bauermeister.
O presidente da companhia calcula que a Restoque pode ter um ganho de 5 pontos percentuais na margem bruta de lucro em 2018, com os benefícios fiscais e a melhoria do desempenho de varejo. Nos nove primeiros meses do ano, a companhia atingiu uma margem bruta de lucro de 56,9%, com ganho de 0,2 ponto percentual sobre o mesmo intervalo de 2016. A receita líquida avançou 17,2%, para R$ 954,3 milhões. O prejuízo baixou para R$ 8,4 milhões, ante R$ 45,8 milhões um ano antes.
Bauermeister disse que a companhia conseguiu normalizar os estoques neste ano e prevê abrir 2018 com estoque próximo a 100 mil peças. “A companhia começou 2017 com 800 mil peças a mais que o normal. Houve um trabalho intenso de promoções neste ano, mas a perspectiva para 2018 é de ampliar as vendas a preço cheio, com a normalização dos estoques”, afirmou.
O executivo disse que espera ampliar as vendas em 2018 sem abertura de novas lojas. Ele afirmou que a Dudalina, por exemplo, tem potencial de crescimento de mais de 50% em vendas por metro quadrado, e a Le Lis Blanc pode aumentar em 100%. “Esses são percentuais expressivos de crescimento. São números que a companhia vai perseguir daqui em diante.”
No terceiro trimestre, a Restoque fechou 34 lojas, baixando para 293 o número de unidades em operação. “A companhia já tem abrangência geográfica necessária para atender todas as clientes pelas lojas físicas, lojas multimarcas e pelo comércio eletrônico. Não precisa abrir loja para crescer”, disse Bauermeister.
A Restoque pretende trabalhar ainda para zerar a dívida líquida nos próximos dois anos. A companhia começou a fazer esse esforço em 2017, com a emissão de debêntures de R$ 300 milhões e a oferta de ações no valor de R$ 148,1 milhões. No terceiro trimestre, a dívida líquida foi reduzida em R$ 18,3 milhões, para R$ 716,3 milhões. A dívida líquida passou a corresponder a 2,2 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). “Devemos fechar o ano com índice inferior a 2. E provavelmente chegaremos a uma dívida líquida zero nos próximos dois anos”, disse o executivo.
Fonte: Valor Econômico