A Restoque tem R$ 1,8 bilhão em debêntures, grande parte nas mãos da WNT Capital, uma gestora focada em crédito e special situations.
Por Pedro Arbex
Os debenturistas da Restoque acabam de aprovar o plano de conversão da dívida em ações com uma adesão de 97,4% — um movimento essencial para reduzir a alavancagem da dona da Le Lis Blanc, John John e Dudalina e preparar a empresa para voltar a crescer.
A Restoque tem R$ 1,8 bilhão em debêntures, grande parte nas mãos da WNT Capital, uma gestora focada em crédito e special situations.
A WNT foi comprando os títulos no mercado ao longo dos últimos meses até acumular cerca de 56% do total. O maior cotista desse fundo é o Banco Master, que além de investir assessorou a transação.
Outros grandes debenturistas são o Santander (que tem R$ 372 milhões), o Banco do Brasil (com R$ 152 milhões), e o Bradesco (com R$ 52 milhões).
A adesão massiva dos bancos é um voto de confiança importante para o plano de turnaround da empresa, que agora vai poder voltar a investir sua geração de caixa em crescimento.
A conversão também foi aprovada hoje na AGE da empresa, com uma adesão de acionistas que representam mais de 51% do capital.
Pelos termos do plano, a conversão será feita a um preço de R$ 2,10 por ação, um prêmio de 22% em relação ao fechamento de hoje. A ação subiu 5,5% hoje, num dia em que o mercado caiu em peso.
Ainda não está claro, no entanto, quanto da dívida será efetivamente convertida em ações — e isso vai depender de alguns fatores.
Os acionistas da Restoque têm 30 dias para decidir se vão exercer seu direito de comprar novas ações da Restoque nas mesmas condições da conversão, para não serem diluídos.
Caso 100% dos acionistas decidam exercer esse direito, a Restoque levantaria R$ 1,75 bilhão com esse aumento de capital — e usaria esses recursos para pagar todas as debêntures, eliminando a necessidade da conversão. (A probabilidade disso acontecer, no entanto, é próxima de zero).
Após a decisão dos acionistas, os debenturistas terão outros 30 dias para sinalizar quanto de sua dívida pretendem converter (o mínimo é 75%) ou se pretendem continuar com a debênture (o que é improvável, dado que essa debênture passaria a ter um prazo de 20 anos e seria indexada à TR).
Fontes próximas à empresa disseram que a Restoque já tem a indicação de uma conversão de mais de R$ 1,6 bilhão da dívida.
O plano aprovado hoje vai dar um respiro para a varejista, reduzindo sua alavancagem para algo em torno de 0,5x a 0,6x (considerando um EBITDA de R$ 200 milhões para este ano).
A dívida restante terá carência de três anos, prazo de oito anos para pagar e um custo de CDI + 1,1% — bem abaixo da dívida atual (cuja taxa é de CDI + 2,75%).
A notícia vem dias depois da Restoque divulgar seus resultados do segundo trimestre, com números equivalentes ou maiores que os de concorrentes.
A Restoque teve um crescimento de ‘same store sales’ de 54%, contra 35% da Soma e 54% da Arezzo.
A margem bruta foi de 64%, contra 59% da Soma e 56% da Arezzo.
Já a margem EBITDA ficou em 20,3%, em comparação aos 17,1% da Soma e 16,6% da Arezzo.
Fonte: Brazil Journal