Do mesmo grupo do Outback, a casa americana que desembarca no Jardim Paulistano é especializada em carnes e vinhos
Presente em São Paulo desde 1997, a rede de restaurantes Outback Steakhouse emplacou como um dos maiores sucessos gastronômicos da cidade. Atualmente, são dezesseis unidades com fila de espera que chega a superar uma hora, incluindo a campeã de faturamento no mundo, a filial no Shopping Center Norte, onde são servidos às mesas 5 000 toneladas de empanadas e 9 toneladas de costela de porco a cada mês.
Esse desempenho animou os parceiros nacionais da Bloomin’ Brands, responsável pelo negócio, a trazer dos Estados Unidos o “irmão rico” da companhia. Na terça, 22, será inaugurado no Jardim Paulistano o Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar, que concilia uma variada carta de vinhos com cortes nobres de carne. As opções vão do filé-mignon de angus acompanhado de batata, de 60 reais, a um prime rib especial por 140 reais (sem topping nem acompanhamento).
No bar, haverá cardápio próprio, com pratos simplificados, na casa dos 40 reais. A carta inclui criações como “caipirinhas espumantes”. Uma refeição completa individual, sem bebida alcoólica, custará em média 210 reais (no Outback, servir-se dos clássicos cebola empanada, costela de porco e alguma sobremesa sai na casa de 100 reais).
“Queríamos apostar em um segmento mais refinado, e foi natural buscar uma opção dentro da própria cadeia”, diz Mauro Guardabassi Martins, presidente do novo restaurante e sócio da empreitada, ao lado dos empresários Peter Rodenbeck e Salim Maroun. A unidade brasileira da casa é a primeira fora do mercado americano, onde se espalha por 66 endereços.
Funcionará no térreo do Edifício Dacon, no número 318 da Avenida Cidade Jardim, onde antes ficava uma concessionária Volkswagen. Dentro do ambiente com uma enorme fachada de vidro, há um espaço de 1 500 metros quadrados, suficiente para receber 350 clientes.
O americano Russell Skall, chefe executivo da bandeira, veio ao Brasil testar todas as receitas e fazer as adaptações necessárias. “Eu achei que seria um desafio, mas foi algo bem simples”, relata Skall. Entre as mudanças que emplacaram, está a inclusão da picanha, paixão nacional, no cardápio e um toque de cachaça no chantili da torta de limão.
No dia a dia, a cozinha ficará aos cuidados de Roseli Miranda, que está no grupo desde 1998. No menu, pode-se escolher entre diversos cortes de gado angus ou fleming’s — este, que leva o nome do restaurante, foi desenvolvido pela própria casa a partir do cruzamento de três raças. As carnes, temperadas com sal grosso e pimenta-do-reino moída, são grelhadas a 870 graus no forno a gás. Tal temperatura, muito elevada, serve para selar a peça, a fim de garantir uma crosta ao seu redor, enquanto o interior se mantém macio e suculento.
Na opção do método iron crusted, o corte recebe também azeite de oliva antes de ir para a chapa, o que deixa o exterior um pouco espesso. Há a possibilidade de incluir toppings como cauda de lagosta, camarões e pedaços de caranguejo gigante. “Isso torna o Fleming’s diferente de qualquer outro lugar”, defende Skall. As alternativas aos cortes bovinos incluem costeleta de porco, salmão e frutos do mar.
A carta de vinhos terá 100 garrafas (com preço que vai de 80 a 350 reais) e número igual de rótulos em taça (de 20 a 87,50 reais). Na sede paulistana, o sommelier será Diogo Kelles. A seleção dos vinhos, porém, ficou a cargo da americana Maeve Pesquera, diretora internacional de enologia da rede, que veio para o Brasil com essa missão. “Visitar as incríveis vinícolas e viticulturas da região do Vale dos Vinhedos e da Serra Gaúcha revelou a brasileira dentro de mim”, brinca a especialista.
No serviço, aos cuidados de uma brigada de 130 funcionários, uma das novidades será um sistema capaz de memorizar os pratos e mesas de preferência dos frequentadores. O investimento no negócio é estimado em 7,5 milhões de reais e ocorre em um momento complicado para o mercado gastronômico.
Entre os restaurantes selecionados pela edição especial VEJA COMER & BEBER, a cidade perdeu cerca de cinquenta desde outubro de 2014. Quem continua operando enfrenta dificuldades como a queda de movimento e a cada vez mais difícil administração dos preços do cardápio, pressionados pela inflação dos custos das matérias-primas.
Nada disso parece assustar os empresários responsáveis pelo Fleming’s. Como objetivo, os sócios estabeleceram abrir duas unidades por ano no país. A casa da Avenida Cidade Jardim é só o aperitivo dessa estratégia.