Espécie de startup com investimento inicial de R$ 1 milhão, a grife Unbrand reunirá dez fornecedores de matéria-prima premium
Por Pedro Diniz
Plataformas que conectam fornecedores ao cliente final não são novidades no ambiente on-line. Amazon, Magazine Luiza e Dafiti são exemplos de como o modelo “D2C”, ou direto ao consumidor, provou ser uma saída para pequenos produtores de moda venderem suas peças.
O grupo Reserva, da Arezzo & Co, entrará nesse jogo na próxima semana, quando planeja lançar o e-commerce de sua nova marca, a Unbrand, com um modelo diferente dessas gigantes do varejo. Espécie de startup com investimento inicial de R$ 1 milhão, a grife reunirá dez fornecedores de matéria-prima premium para vender um conceito de “luxo para todos”. O projeto é focado nas classes A e B, e a ideia seria, de acordo com o CEO do grupo, Rony Meisler, profissionalizar a lojinha de fábrica, porque “99% dos fornecedores tem uma”.
Entre os fornecedores para os itens de cama, mesa e banho, por exemplo, está a mesma fábrica que produz os jogos da Trousseau. A ideia é o cliente ter a certeza de consumir produtos de qualidade comprovada a um preço mais em conta.
A diretora de novos negócios do grupo, Juliana Caldeira, diz que as coleções podem custar até 35% menos em relação ao preço cobrado numa loja comum.
Moda infantil e adulto, velas artesanais, semijoias e calçados são alguns dos segmentos que estarão na plataforma, com cerca de 600 itens no estoque. A previsão é de que, até o final do ano, haja 1.000. Em dezembro, uma linha de beleza criada em parceria com a maquiadora Débora Bitencourt será posta à venda.
Assim como prega o nome da grife Unbrand, “sem marca”, nada levará logotipo aparente. As pessoas, diz Caldeira, estão dando um novo significado à forma de consumir, “elas querem se identificar com o produto. O luxo [da Unbrand] é fazer as pessoas se darem o luxo de consumir algo sem nome”.
A equipe de estilo da Unbrand faz a curadoria de moda e desenvolve as peças em parceria com o fornecedor. “Não faremos modinha, mas sim um básico diferenciado”, diz Caldeira. Um exemplo dessa diferenciação são os vestidos lânguidos e as blusas soltas, tingidos naturalmente com cascas de plantas. Sustentabilidade será um dos principais chamarizes da nova grife. As peças foram criadas a partir do estoque excedente dos fornecedores e, por isso, produzidos em quantidade limitada para garantir a exclusividade pretendida pela Unbrand.
Nas contas feitas por Caldeira, o fornecedor que estiver na plataforma pode ganhar cerca de 25% a mais pelo fato de não arcar com logística e elos da cadeia convencional, como os custos com representantes comerciais e tarifas. “Será como se ele também tivesse a licença da marca, sentir-se dono dela”, diz a executiva, que tem planos de, no futuro, disponibilizar um serviço sob demanda para os clientes customizarem suas próprias peças.
Fonte: Valor Econômico