O grupo carioca de moda Reserva decidiu adiar para o próximo ano 80% dos R$ 30 milhões que planejava investir em 2020, por conta do impacto da pandemia de covid-19. Mas o fundador e presidente da empresa, Rony Meisler, diz que já vem observando uma recuperação. As vendas, que em abril representaram 35% dos negócios realizados em igual mês do ano passado, em setembro já haviam superado a marca na comparação anual. O executivo prevê abrir seis lojas ainda neste ano, ante dez em 2019.
A revisão de estratégia da companhia que faturou R$ 400 milhões no ano passado inclui a compra de uma participação na Troc, uma startup paranaense de revenda on-line de roupas e acessórios usados. A transação ocorreu em setembro. Os consumidores que quiserem se desfazer de peças antigas da Reserva terão 20% de desconto na compra de novas.
As vendas da Reserva retomaram o crescimento em maio, quando subiram para 55% do que foi registrado um ano antes. Em junho avançou para 67%; em julho, 95%; e em agosto, 97%, em base anual. Em setembro (até o dia 23), já havia vendido 24% a mais do que no mesmo mês do ano passado, segundo o executivo.
“Em 2020, se tivermos decréscimo nas vendas, será pequeno”, diz Meisler. Neste ano, boa parte das vendas vêm do comércio eletrônico, mas ele não revela detalhes.
Durante a pandemia, a Reserva não fechou definitivamente nenhuma loja, e agora está reformando algumas unidades. Também segue focada no seu plano de expansão, que inclui Reserva Go, marca voltada para venda de calçados e acessórios. “Abrimos uma loja em Feira de Santana (BA) e vamos inaugurar em Recife (PE)”, afirma Meisler.
No início da crise, a Reserva havia acabado de entregar a coleção de inverno para suas 35 franquias e 1,5 mil multimarcas. Segundo Meisler, foi preciso negociar títulos, estender prazos e dar descontos.
“Estamos comprando fios e tecidos para nosso planejamento da coleção de inverno 2022. Nossa crença é que o mercado vai se regularizar no próximo mês, no máximo”, diz Fernando Sigal, sócio da Reserva.
Em relação à Troc, plataforma de revenda de roupas usadas, a Reserva vai se tornar sócia minoritária – os valores não foram revelados. Com a parceria, a empresa de Curitiba vai estrear a seção masculina com as roupas da Reserva, segundo a fundadora da Troc, Luanna Toniolo.
Por meio da Troc, a Reserva vai acessar o sistema de logística reversa, que viabiliza empresas a transformarem roupas sem uso de seus consumidores em desconto para novas compras.
Com a pandemia, a fundadora diz que mais pessoas se interessaram em revender suas roupas. “Triplicamos para 30 mil o número de peças processadas e temos pessoas na lista de espera”, afirma Luanna.
Fonte: Valor Econômico