A Lojas Renner acaba de anunciar um resultado robusto para o primeiro trimestre do ano — com os volumes de venda começando a retomar aos patamares pré-pandemia e as margens gradativamente voltando aos níveis históricos
Por Pedro Arbex
A Renner teve uma receita líquida de R$ 2,2 bilhões no período — uma alta de 63% na comparação com 2021 e de 35% na comparação com 2019, o último ano antes da covid.
Renner teve um janeiro fraco, um fevereiro um pouco melhor e um mês de março “muito forte”, o CFO Daniel Martins disse ao Brazil Journal.
Segundo ele, abril manteve a mesma tendência positiva de março, com crescimento double digit em comparação a 2019 tanto no fluxo de clientes quanto no tíquete médio e no volume de peças vendidas.
O CFO disse que a Renner não tem sentido na ponta o impacto da alta dos juros e da inflação nas alturas — um cenário que tende a reduzir o apetite do consumidor.
“Acho que existe uma certa demanda reprimida. As pessoas ficaram muito tempo sem sair de casa e agora que estão voltando para o ambiente social tem que renovar o guarda-roupa,” disse ele. “Além disso, há uma troca de consumo: na crise, as pessoas acabam deixando de gastar com itens de tíquete alto, como uma geladeira, e vão mais para os itens básicos.”
O primeiro trimestre também marcou uma recuperação das margens da Renner. No quatro trimestre, a empresa havia apresentado uma margem bruta abaixo de 2019. Neste tri, a margem já veio no mesmo nível (55,3% em 2019 vs. 55,1% este ano).
Já na margem EBITDA, o gap ainda é relevante. No primeiro trimestre de 2019, a Renner teve margem EBITDA de 25%; neste tri, 17,2%.
“Estamos vindo de 3 anos de inflação recorde e isso traz uma pressão inflacionária muito grande. Até conseguimos repassar pro consumidor, mas tem uma questão de ganho de escala: com a queda nos volumes dos últimos anos e o custo subindo, isso naturalmente pressiona a margem. Com a retomada do volume que estamos vendo, isso tende a normalizar,” disse Daniel.
Há ainda um componente adicional: a participação das vendas digitais aumentaram nos últimos anos e “essa é uma operação que ainda não está rodando em sua eficiência máxima.”
A expectativa da Renner é que a margem EBITDA vá gradativamente retomando aos níveis pré-pandemia este ano, mas que ela só volte a operar nos níveis históricos em 2023 ou início de 2024.
Em termos de valores absolutos, a expectativa é que o EBITDA deste ano pré-IFRS já atinja um nível bem semelhante ao de 2019, quando a empresa fez um EBITDA de R$ 2 bilhões.
Os números da Renner vieram ligeiramente acima das projeções do sellside — com exceção do lucro líquido, que ficou bem acima do consenso.
A varejista lucrou R$ 191 milhões no trimestre, uma alta de 26% em comparação com 2019, enquanto boa parte dos analistas esperava um lucro equivalente ao de três anos atrás.
A margem foi de 8,3%, em comparação aos 9,4% de 2019.
Segundo o CFO, o lucro foi beneficiado por temas específicos como um benefício de juros sobre capital próprio e uma subvenção. “Temos um incentivo para importações que não estava 100% capturado pelo mercado,” disse ele.
Fonte: Brazil Journal