Por Adriana Mattos | Com o cenário mais difícil na Renner de dois meses para cá, José Galló, presidente do conselho de administração da companhia, passou a atuar de forma mais próxima do dia a dia da operação, numa outra postura comparado com o início da entrada dele no “board”, dizem diferentes fontes ouvidas pelo Valor.
Os sinais mais claros de que a empresa vinha sentindo, desde março, a estratégia adotada pela direção de antecipar a coleção inverno, com preços “cheios” mais altos, decisão que não se mostrou acertada, e também a necessidade de rever a estratégia de coleções e precificação de curto prazo, levou Galló a dialogar bem mais no suporte junto ao CEO, Fabio Faccio.
“O Fabio é um cara que tem respeito da turma, mas não põe tanta pressão, energia, e Galló entra muito nisso”, diz um gestor a par do assunto.
Galló deixou o comando da Renner em abril de 2019, fechando uma era marcante de sua presença no operacional, e, especialmente, dando uma resposta ao mercado sobre a necessidade de uma transição de poder no cargo executivo, algo que fundos e investidores vinham defendendo há anos.
Foram quase seis anos de preparação da sucessão, explicada pelo peso de Galló no dia a dia da empresa. A Renner é uma “corporation”, com capital diluído na bolsa, e Galló se tornou a referência principal interna das equipes por décadas, e em períodos de maiores solavancos, o que torna a sua entrada mais forte no dia a dia, neste momento, como bem-vinda, diz uma segunda fonte.
“É uma hora em que isso é bem assimilado, isso de explorar essa liderança, apesar de parte do mercado acreditar que ele nunca se afastou totalmente da operação”, diz um gestor de um fundo que já teve papel da Renner.
Não é um movimento tão incomum no varejo brasileiro, especialmente em empresas cujo acionista é, muitas vezes, a personificação da empresa ou em que ele é o fundador, e também pela atividade do comércio, muito sensível aos altos e baixos da economia.
Sobre a questão, a Renner informa que Galló é presidente do conselho e, assim como os demais conselheiros, atua próximo do negócio, dentro do seu papel.
Fonte: Valor Econômico