Fábio Faccio, presidente da rede, destaca o impacto da crise em players menores e diz que a expectativa é aumentar a participação de mercado nos próximos anos
Por Raquel Brandão
A varejista de moda Renner está confiante de que vai acelerar seu crescimento nos próximos anos, aproveitando o ganho de participação de mercado nos últimos meses de pandemia e a retomada do consumo conforme os indicadores macroeconômicos melhorem.
“Nossa expectativa é ganhar mais ‘market share’. Essa crise tem sido mais intensa do que quando olhamos para 2015. É uma crise mais profunda e duradoura, até por não ser só econômica. A fragilidade de players menores é maior, o que contribui para acelerar a consolidação do setor”, disse Fábio Faccio, presidente da Renner, em evento on-line da gestora Frontier Capital.
“Também temos expectativa de crescimento num nível maior nos próximos anos, parte pelo market share e parte pela retomada. Acredito ser possível crescer em níveis até maiores do que tínhamos no passado”, acrescentou.
A estratégia de crescimento passa pela digitalização da operação e sua capacidade de ganho de escala. Antes da pandemia, as vendas digitais representavam entre 3% e 4% do total do grupo, hoje são 12%, segundo o executivo. E a expectativa é de chegar a 25% a 30% nos próximos cinco a dez anos.
Para isso, o executivo enfatizou a necessidade de investimento na malha logística. A aposta mais recente do grupo é em um novo centro de distribuição (CD) em Cabreúva, no interior de São Paulo. A maior parte do investimento — cerca de R$ 453 milhões — vai para equipamentos de automação. O CD deve começar a funcionar em 2023 e, com 163 mil metros quadrados, mais do que dobra a capacidade logística do grupo (Os atuais quatro CDs somam 160 mil metros quadrados de área).
“É um CD com tecnologia mais avançada, já de olho no omni [multinacanalidade]. Teremos mais estoque no CD, que será um pulmão de abastecimento. Vamos conseguir trabalhar todas as empresas do grupo no mesmo local. Isso traz sinergia de frete e consegue aumentar eficiência e baixar custos”, disse o executivo.
O aumento da participação das vendas digitais pressionou essa linha do balanço da empresa. Faccio não abre qual foi a participação dos custos de frete na receita, mas diz que houve aumento devido ao crescimento das entregas “last mile”, ou seja, aquelas feitas até a casa do cliente.
“Esse foi um custo que tivemos maior neste ano. Ao mesmo tempo, os maiores investimentos que temos feito foram na logística para reduzir tempo de entrega, mas também custos. Hoje é um custo que pressiona, mas imaginamos que ao longo do tempo, principalmente a partir de 2023, devemos continuar ganhando eficiência e escala a custos menores.”
O objetivo, segundo Faccio, é que o CD de Cabreúva também seja, no médio a longo prazo, usado para armazenar estoques dos vendedores da plataforma marketplace do grupo. “Em breve queremos oferecer esse serviço ao ‘seller’, consequentemente trazendo uma nova linha de receita.”
Fonte: Valor Econômico