A Lojas Renner apresentou no terceiro trimestre resultado acima das expectativas de analistas. A dona das redes Renner, Camicado e Youcom fechou o trimestre com lucro líquido de R$ 140,3 milhões, 65,3% acima do registrado no mesmo intervalo de 2016. O resultado, segundo a companhia, deveu-se a uma boa aceitação das coleções de inverno e primavera, à melhora no ambiente macroeconômico e a um efeito positivo no câmbio contratado para produtos importados.
A média das estimativas feitas por analistas do BTG Pactual, Brasil Plural, Deutsche Bank, Goldman Sachs, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander era de um aumento no lucro líquido de 43%, para R$ 121,7 milhões.
“O resultado foi favorecido por fatores internos e externos. Internamente, tivemos boa saída das coleções e melhoria na composição dos estoques. O ambiente macroeconômico também apresentou recuperação com fundamentos sólidos. A expectativa é continuar a ver melhorias no quarto trimestre”, afirmou Laurence Beltrão Gomes, diretor financeiro da Renner.
O executivo citou como fatores externos positivos a queda na taxa de juros, inflação mais baixa e melhora no mercado de trabalho. “A liberação do FGTS inativo também teve influência positiva e acredito que a liberação agora do PIS/Pasep também favorecerá o consumo”, acrescentou Gomes.
No terceiro trimestre, a companhia apresentou um aumento na receita líquida de 20,8%, para R$ 1,74 bilhão. Esse desempenho ficou em linha com o esperado por analistas, que previam um aumento, na média, de 22,8%. As vendas no conceito mesmas lojas (unidades abertas há mais de 12 meses) aumentaram 13,4% no trimestre.
Os custos das vendas tiveram aumento de 18,2% no terceiro trimestre, para R$ 702,6 milhões. As despesas operacionais avançaram 16,6%, para R$ 837,9 milhões. Gomes considerou o controle “rígido” nas despesas um fator que favoreceu o lucro da companhia.
Segundo o executivo, houve melhora na gestão de estoques, sobretudo com o avanço na implantação da separação automatizada de produtos para as lojas peça a peça (no chamado modelo “push and pull”). “Além do aumento nas vendas, houve uma redução de 50% nas perdas de vendas por falta de produtos nas lojas. Isso é resultado da melhora na gestão de estoques”, afirmou Gomes. O executivo disse também que o aumento dos estoques no terceiro trimestre “está muito alinhado ao crescimento de vendas” e não há expectativa de aumento de sobras no quarto trimestre. No terceiro trimestre, a conta de estoques aumentou 13,5%, para R$ 74 milhões.
O executivo destacou ainda a abertura da primeira loja em Montevidéu, no Uruguai, em setembro. “As vendas estão muito acima das nossas expectativas. Esse desempenho nos dá conforto para desenvolver produtos para atender regiões mais frias”, afirmou Gomes. A Renner prevê abrir mais duas lojas em Montevidéu em novembro e uma quarta loja em Rivera, no Uruguai, em janeiro de 2018.
Na área financeira, Gomes disse que a Renner teve custo menor nas operações de proteção contra variação cambial (“hedge”), em comparação ao terceiro trimestre de 2016, quando o dólar estava acima de R$ 4. A companhia também teve um aumento de 49,7% no resultado de produtos financeiros, para R$ 97,8 milhões. O ganho foi associado à operação da Realize Crédito, Financiamento e Investimento, empresa do grupo para serviços financeiros. Esses fatores reunidos proporcionaram um aumento no lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de 30,4%, para R$ 299,2 milhões.
Fonte: Valor Econômico