A decisão da Renner de investir R$ 1,1 bilhão neste ano, valor recorde na história da rede, foi tomada considerando a expectativa de melhora do ambiente econômico ao longo de 2021 e pela necessidade de avançar em planos voltados ao digital e na melhora da experiência do cliente, disse o comando ao Valor hoje.
Apesar do cenário de incertezas que ainda afeta o consumo, e um início de ano com restrições de circulação, que impacta a demanda, a Renner acredita que o aumento nos desembolsos para crescimento pode acelerar desempenho e resultados.
“Cremos que isso pode alavancar mais possibilidades de crescimento, de novos negócios, de melhora na experiência do cliente, de projetos para o digital. O cenário deve tender a melhorar no segundo trimestre e ainda mais na segunda metade do ano. Com o avanço da vacinação, que reduz restrições, e a melhora da economia global, com aumento de confiança, isso tudo tem efeito”, disse Alvaro de Azevedo, diretor financeiro da empresa.
Segundo o executivo, janeiro e fevereiro ainda foram afetados pelas restrições de mobilidade em alguns mercados relevantes para o grupo, como São Paulo, o que afeta fluxo de clientes e vendas. Mas é uma situação que tende a mudar no decorrer de 2021. “Janeiro e fevereiro é a mesma situação posterior [do fim do ano] . Mas estamos com resultados muito positivos no online entrando o ano com nível mais ajustado de estoques e com estoques de boa qualidade o que é bom para o período, e isso tudo nos deixa mais otimistas”, disse ele.
De acordo com a rede, do total de R$ 1,1 bilhão de investimentos previstos em 2021, R$ 345 milhões vão para tecnologia e projetos associados, R$ 240 milhões para novas lojas, R$ 107 milhões para reformas e melhorias e R$ 307 milhões para logística. Por área, logística e tecnologia vão concentrar mais da metade desse total previsto. Essas são áreas em que os maiores investimentos beneficiam especialmente a venda on-line, que opera integrada com a loja física.
A empresa tem registrado alta mais forte no on-line e acelerou projetos no segmento após a pandemia. De outubro a dezembro, as vendas no canal digital cresceram 123,2% e representaram 9,4% do total.
A empresa projeta 20 a 30 aberturas de lojas Renner em 2021, 5 a 10 Camicado, 5 a 10 Youcom e até cinco Ashua. A empresa não fez outras projeções.
Questionada sobre a pressão de caixa com os investimentos, o executivo disse que não há esse cenário na empresa. “Informamos ontem captação de R$ 1 bilhão em debêntures e caso necessário temos esse reforço. A Renner tem uma reputação muito forte e temos caixa necessário, a nossa relação entre dívida e Ebitda está em 0,6 vezes, é muito baixa ao ver outros ‘players’”, afirmou. “Ano passado tivemos um reforço em torno de R$ 2 bilhões com debêntures e fechamos o ano com R$ 2,6 bilhões [em caixa]”.
Sobre os números do quarto trimestre, a companhia entende que houve uma melhora na comparação de trimestre a trimestre de 2020, apesar de alguns indicadores, como margem, ainda abaixo de 2019. Esse aspecto na comparação com 2029 foi mencionado em relatórios de analistas. As vendas afetadas pela pandemia e isolamento (a empresa tem maioria de lojas em shoppings) acabam contribuindo para um balanço ainda pressionado, dizem os analistas.
“Nós tivemos bloqueio momentâneo pela pandemia [novas restrições de circulação no quarto trimestre] e isso afeta volumetria de vendas. Se não fosse isso agora já estaríamos numa normalidade. Mas estamos otimistas numa recuperação e pelo esforço que temos feito internamente, e com o avanço forte no digital”, disse ele.
Sobre margem bruta, o executivo entende que ela está “num nível que tende a ficar” e “mais adequada”. “Vai rodar num patamar mais próximo disso”. A margem bruta no quarto trimestre no varejo foi de 53,8%, versus 58% um ano antes.
Fonte: Valor Econômico