O presidente da Renner, José Galló, completou 26 anos à frente da empresa em setembro. Durante este período, a empresa varejista de vestuário passou de oito lojas para mais de 480 e o valor de mercado, de menos de 1 milhão de dólares saltou para cerca de 8 bilhões de dólares.
Na última semana, ele lançou seu livro – O Poder do Encantamento (Planeta Estratégia, 256 páginas) contando sua trajetória. Em sua entrevista a VEJA, o executivo contou o que aprendeu em relação a carreira, varejo, crise e política:
O senhor se manteve no comando da empresa durante vários períodos de crise econômica, como a que passamos agora. Que lições podemos tirar disso? Os ciclos econômicos adversos são grandes testes para as companhias. As empresas que têm um diferencial competitivo passam por essas crises. As que não têm, ficam pelo caminho. Se você realmente encanta o cliente, vai sofrer menos. E até há possibilidade, como aconteceu com a gente, de crescer. Vamos abrir 70 lojas neste ano. No ano passado, inauguramos 64 lojas. A crise também pode ser uma oportunidade, porque o mercado não desaparece, o que desaparecem são alguns concorrentes.
Qual o diferencial que busca atingir com sua empresa? A fórmula continua a mesma: “como encantar um cliente?”. Com produtos da moda, que têm qualidade, preço competitivos, lojas com ambientes práticos.
Mas isso é o que todas as lojas do ramo também buscam… Aí vem o produto certo. Além de ambientes agradáveis, o produto certo na hora certa. Aí vem a questão da logística, com excelência na prestação de serviços. No fundo, a grande história é criar a famosa “experiência de compra”. A melhor experiência de compra possível é através disso: produtos, lojas, prestação de serviços.
Como foi entrar em uma empresa que era familiar em um momento de transição para a profissionalização? O meu relacionamento com a família Renner foi fantástico, maravilhoso. O Cristiano Renner ficou como presidente, mas nós definimos claramente nossas posições: eu tocaria a empresa, e ele tocaria a representatividade externa. A família cumpriu rigorosamente aquela condição de me dar carta branca para operar. Aí também tem uma mensagem: quantas vezes, uma empresa familiar, procura se profissionalizar e, daí, quando se recupera a companhia, a família volta e, muitas vezes, interrompe o trabalho?
É comum que executivos de alto escalão vislumbrem entrar para a política. É seu caso? Não tenho nenhuma ambição política. Acho que é importante poder contribuir com bons políticos, e alguma coisa eu faço. Talvez eu faça isso com mais ênfase. Mas não serei um político. Acho que a minha grande contribuição é ajudar na gestão. Porque a gestão se aplica a qualquer situação: pode ser a corporativa, de uma ONG, um país ou de um estado. Se a gente for ver o quê que causou essas mudança em 1 ano, 1 ano e meio, de todas essas variáveis econômicas, foi a gestão. A gente saiu de um momento de invencionices, de artificialismos, para uma gestão séria e competente. E olha o que deu, que coisa maravilhosa!
Fonte: Veja