A Lojas Renner vê um ambiente um pouco mais promocional no varejo de moda no terceiro trimestre, em função dos estoques que se formaram nos últimos meses por causa de um inverno mais ameno que o esperado e do menor fluxo de visitas nas lojas durante a Copa do Mundo.
“Seria mais uma antecipação das liquidações”, explicou à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Laurence Gomes, acrescentando que esse movimento não deve trazer mudanças significativas no cenário competitivo do setor.
Ele destacou que a empresa espera manter o atual desempenho operacional, embora a recuperação da economia ainda seja lenta e a atual incerteza política decorrente da disputa eleitoral possa influenciar a confiança do consumidor.
“Vemos o consumidor mais cauteloso, mais racional, mas acreditamos também que ao terminar o processo eleitoral o consumo possa voltar a um ritmo um pouco mais acelerado que agora”, disse Gomes, citando ainda questões estruturais da economia, incluindo taxas de juro mais baixas e a retomada do crédito.
Entre abril e julho, a Lojas Renner teve lucro líquido de 274,7 milhões de reais, alta de 42 por cento na comparação anual, tendo crescimento de 9,2 por cento na receita líquida com vendas de mercadorias, para 1,78 bilhão de reais.
No conceito mesmas lojas, as vendas cresceram 2,5 por cento no segundo trimestre, desacelerando em relação à alta de 6,4 por cento apurada no mesmo período de 2017, refletindo os efeitos da greve de caminhoneiros, além de temperaturas mais elevadas que o usual e menor fluxo de clientes nos dias de jogos do Brasil.
Descontados esses fatores, o indicador teria subido 5 por cento, conforme material de divulgação do balanço. “Conseguimos boa execução no trimestre, protegendo as margens operacionais, e tivemos bom ritmo de vendas, embora pudesse ter sido melhor”, comentou Gomes.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado total, que inclui produtos financeiros, somou 434,2 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 13,4 por cento ano a ano. A margem Ebitda ajustada total subiu 0,9 ponto percentual, a 24,4 por cento.
Considerando só as operações de varejo, o Ebitda ajustado aumentou 16,2 por cento no trimestre encerrado em junho, para 352,9 milhões de reais, enquanto a margem subiu 1,2 ponto percentual, para 19,8 por cento.
A Lojas Renner investiu 134,2 milhões de reais entre abril e junho, destinando os recursos à remodelação de instalações, bem como à inauguração de 18 lojas, sendo 8 da Renner, 3 da Camicado e 8 da Youcom.
Segundo o diretor financeiro, o planejamento estratégico da companhia prevê investimento de 620 milhões de reais em 2018, com abertura de um total de 70 lojas, das quais 22 já foram inauguradas (9 da Renner, 3 da Camicado e 10 da Youcom) nos seis primeiros meses do ano.
Questionado sobre os planos de internacionalização do grupo, Gomes afirmou que a Lojas Renner já opera cinco lojas no Uruguai e deve abrir mais duas no segundo semestre. “A operação lá vai muito bem, acima das expectativas iniciais”, contou o executivo, ressaltando que o plano é consolidar a operação naquele país antes de ingressar em novos mercados.
As ações da Lojas Renner acumulam queda de pouco mais de 10 por cento este ano, na contramão do Ibovespa, que subiu quase 3 por cento desde o começo do ano.
Gomes informou que o processo de sucessão do presidente-executivo, José Galló, continua sendo conduzido pelo conselho de administração da companhia. De acordo com ele, não há datas definidas, mas é certa a permanência de Galló no conselho.
Fonte: DCI