O comando da Lojas Renner disse nesta tarde que, apesar de ter entrado no segundo trimestre com estoques “enxutos”, o que poderia ter um impacto positivo em rentabilidade, a empresa vê uma piora do cenário de concorrência na crise e terá que se adaptar a isso. Por causa desse cenário, a empresa projeta queda em margem bruta.
A ação da empresa opera em forte queda nesta sexta-feira, um dia após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, que apontou queda de 93% do lucro líquido, para R$ 10,4 milhões.
“Entramos na crise com estoque enxuto, talvez na melhor posição em meses, o que era importante para esse momento. Onde estamos com lojas abertas, temos performado melhor do que prevíamos e on-line também mais forte do que esperávamos. Então, teríamos boa condição para margem. Mas, por uma situação de caixa e estoques altos de outros, que estão mais agressivos, isso machuca um pouco a nossa margem. Devemos, então, enxergar queda de margem, apesar de nossa boa situação de estoque”, disse Fabio Faccio, executivo-chefe.
A direção da varejista informou ainda que lança o projeto ‘Minha sacola’, em que qualquer pessoa poderá vender itens da rede pela internet, por meio de links em redes sociais.
Sobre a venda por WhatsApp, o projeto começou a ser desenvolvido após a crise e deve chegar a São Paulo nos próximos dias. Tanto esse plano como a venda por aplictivo eram projetos para 2021, mas foram antecipados para 2020, disse o executivo.
A varejista ainda atualizou o número de armários para retirada de itens comprados on-line — serão 600 armários de retirada até o fim de ano. Hoje, são 40.
Além disso, a Lojas Renner tem cerca de 50 unidades físicas com estoques que atendem venda on-line, e em duas ou três semanas chegará a 180, informou hoje.
Sobre as expectativas de provisão para atrasos em pagamentos, que cresceu no primeiro trimestre por conta das perspectivas econômicas negativas, a empresa disse que pode haver reversão de provisão no fim do ano, mas é cedo para projetar, segundo Laurence Gomes, diretor financeiro.
Gomes ainda informou que o ganho de crédito de ICMS, após trânsito em julgado de decisão no STF — como já anunciado pela rede nesta semana — no valor de R$ 1,3 bilhão será contabilizado no segundo trimestre.
A Lojas Renner teve queda de 1,5% na receita líquida de janeiro a março, para R$ 1,86 bilhão — a receita com venda de produtos caiu 6,1%. A retração reflete o fechamento das lojas físicas após o início do isolamento social, na metade de março.
Nas lojas em operação há mais de um ano, a queda foi de 10,7%. As despesas operacionais continuaram a se expandir no trimestre, com alta de 25,6%, pois os ajustes nos custos só se intensificaram entre abril e maio.
Com receita em queda e despesas aumentando, além de uma piora no resultado financeiro líquido, o lucro líquido acabou encolhendo 93,6%, de R$ 161,6 milhões para R$ 10,4 milhões. A margem bruta do varejo ficou estável, em 55,4%.
Fonte: Valor Econômico